Coordenação:Nina Clara Tiesler
Equipa: Sine Agergaard, Paul Darby, Detlev Claussen, Marcos Alvito.
Sumário: A migração de futebolistas para a Europa Ocidental aumentou dramaticamente nas últimas duas décadas, sendo uma grande parte deste fluxo laboral proveniente de África e da América do Sul. Este processo foi extremamente significativo para a indústria futebolística, tanto nos continentes de origem como nos que receberam o influxo de jogadores, com repercussões que vão muito além do desporto e da cultura popular. A importância da migração de talentos futebolísticos foi recentemente reconhecida como um tema importante de investigação académica, não só ao nível internacional como abrangendo uma série de disciplinas académicas, o que resultou no aparecimento de um número crescente de publicações sobre estas questões (Darby 2000; McGovern 2002; Magee & Sugden, 2002; Bale, 2004; Poli, 2006; Darby 2007a, 2007b; Alvito 2007; Darby, Akindes e Kirwin, 2007; Tiesler e Coelho, 2007).Este projecto pretende contribuir com uma análise original, comparativa e de forte base empírica para a área de investigação, actualmente em expansão, dos estudos sobre Migração Internacional e para o seu estado da arte. Nesse sentido, a migração de talentos futebolísticos, da força laboral e de jogadores menores de idade será comparada, respectivamente, com três tipos de migração internacional, nomeadamente: a fuga de cérebros (neste caso “fuga de músculos”), migração laboral e infantil (incluindo o tráfico).Através de estudos no terreno examinaremos várias vias migratórias, nomeadamente: do Brasil para Portugal, Dinamarca e Alemanha; da África Lusófona para Portugal, da África Ocidental para a Dinamarca e Alemanha. Estamos perante rotas muito utilizadas na migração internacional de jogadores de futebol. Para melhorar a nossa compreensão dos factores “de repulsão” e de “atracção” que afectam as decisões dos jogadores de futebol migrantes, este projecto também examina o papel da África do Sul como um canal através do qual os jogadores africanos migram para os países Europeus. Assim, a pergunta que guia a investigação é a seguinte: Quais são as causas e as consequências da migração de futebolistas predominantemente oriundos de países africanos ou sul-americanos para países do Norte, Centro e Sul da Europa? Esta pergunta é sustentada por uma série de questões transversais mais específicas:Causas:Quais são os factores de repulsão que encorajam a saída dos futebolistas migrantes de África e do Brasil à procura de uma carreira profissional na Europa e como é que este movimento é facilitado?Quais são os factores de atracção que levam os futebolistas a migrar para os países europeus escolhidos como estudos de caso no presente projecto?Qual o papel que desempenham as federações desportivas nacionais nos locais de origem dos futebolistas, tais como a federação internacional de futebol, a FIFA, e as confederações continentais de futebol em África, na América do Sul e na Europa, na regulação / governança da migração laboral de futebolistas.Consequências: Quais são as consequências deste processo de migração laboral e de talentos futebolísticos para as indústrias do futebol e para o consumo de futebol, tanto no países de origem como nos países de acolhimento?Como é que os futebolistas migrantes lidam com a transição da América do Sul ou de África para a Europa?De que forma é que as experiências dos futebolistas migrantes variam entre as diferentes sociedades europeias e até que ponto a partilha de um passado colonial (em comparação com os casos em que é inexistente) molda as experiências subjectivas dos futebolistas migrantes?A migração de jogadores de futebol é um tema de investigação importante, uma vez que o futebol é talvez o desporto mais internacional e o que possui a dinâmica económica e política mais poderosa. Por exemplo, os actores principais (os clubes e as federações) e a União Europeia discutiram recentemente se o futebol deveria ser considerado como um caso “especial” e se as regulações que regem questões como o movimentos dos trabalhadores no interior e para a União Europeia e as restrições comerciais deveriam ser aplicadas de forma mais liberal na indústria do futebol.Uma análise da migração laboral de futebolistas provenientes de África e da América do Sul para um conjunto específico de países europeus pode ajudar-nos a compreender de uma forma mais geral as causas, as consequências e as dinâmicas da migração para a Europa. Em particular, pensamos que o projecto irá esclarecer as nossas noções cada vez em maior número e menos claras sobre o significado da emigração e imigração e ajudar-nos a compreender as razões do sucesso e falhanço da integração em diferentes contextos societais.
Objectivos: Este projecto tem como objectivo contribuir com uma análise original, comparativa e de forte base empírica para a área de investigação, actualmente em expansão, dos estudos da Migração Internacional e para o seu estado da arte. Nesse sentido, a migração de talentos futebolísticos, da força laboral e de jogadores menores de idade será comparada, respectivamente, com três tipos de migração internacional: a fuga de cérebros, migração laboral e infantil.Através de estudos no terreno examinaremos várias vias migratórias, nomeadamente: do Brasil para Portugal, Dinamarca e Alemanha; da África Lusófona para Portugal, da África Ocidental para a Dinamarca e Alemanha. Para melhorar a nossa compreensão dos factores “de repulsão” e de “atracção” que afectam as decisões dos jogadores de futebol migrantes, este projecto também examina o papel da África do Sul como um canal através do qual os jogadores africanos migram para os países Europeus.Assim, a pergunta que guia a investigação é a seguinte: Quais são as causas e as consequências da migração de futebolistas predominantemente oriundos de países africanos ou sul-americanos para países do Norte, Centro e Sul da Europa?
Palavras- Chave: Migração de Talento Futebolistico, Africa-Brasil-Europa-Portugal, 4 Equipas de Futebol, Análise Comparativa de 4 Estudos de Caso
Coordenação: José Luís Garcia e José Manuel Rebelo Guinote.Equipa: Sara Meireles Graça, Adelino Gomes, Diana Adringa, Pedro Sousa, Cesário Borga.
Sumário: Estudo de uma geração de jornalistas portugueses surgida após o ano 2000, que vem aprofundar e estender cronologicamente a investigação “Perfil Sociológico dos Jornalistas Portugueses”, realizada em 2004 com o apoio da FCT (POCTI/COM/58978/2004). Trata-se aqui de caracterizar uma geração que se debate com um mercado em recessão, devido à crise económica e financeira, e encara a profissão do jornalismo com pessimismo e desencanto, ao mesmo tempo que privilegia a técnica e o individualismo em detrimento de outros valores.O projecto, cujo assunto nunca foi objecto de investigação em Portugal, tem uma dimensão internacional, pois terá como base comparação estudos feitos na França e no Brasil.
Objectivos: O objectivo do projecto é a realização de um estudo sistemático dos jovens jornalistas que representam quase 50% dos jornalistas activos. Para perceber o impacto desta nova geração de jornalistas, com as suas frustrações e valores, na formação da opinião pública em Portugal, o estudo partirá de um conjunto de questões em torno dos seguintes tópicos:
1. A imagem que os jornalistas têm da sua profissão
2. A representação que os jornalistas fazem da sua profissão no espaço público
3. As relações que estabelecem com os seus pares profissionais
4. O modo como concebem as relações com os poderes.
Palavras- chave: Profissão, Expectativas, Intervenção, Crise
Coordenação da equipa OPJ | ICS-UL: Vitor Sérgio Ferreira
Equipa OPJ | ICS-UL: Jussara Rowland, Mónica Truninger, Pedro Alcântara da Silva
Parceiros: O projecto de investigação sobre Consumos e Estilos de Vida no Ensino Superior resulta de uma parceria entre o Conselho Nacional da Juventude (CNJ), o Serviço de Intervenção nos Comportamentos Aditivos e Dependências (SICAD) do Ministério da Saúde, e o Observatório Português da Juventude do Instituto de Ciência Sociais da Universidade de Lisboa (OPJ/ICS-UL).
Data: 2012/2013
Numa primeira fase, o estudo visa a caracterização das práticas de bem-estar, saúde e lazer associados a “estilos de vida saudáveis”, bem como das prevalências e padrões de consumo de substâncias psicoativas (álcool, tabaco, drogas e alguns medicamentos), entre os estudantes do 1º ciclo e mestrados integrados da Universidade de Lisboa (UL) e da Universidade Técnica de Lisboa (UTL). A metodologia tem por base um questionário de aplicação e resposta online.
Posteriormente, pretende-se que o estudo venha a ser replicado a nível nacional entre os estudantes do 1º ciclo do Ensino Superior Politécnico e Universitário, público e privado,, numa amostra com representatividade a nível regional. Pretende-se ainda, à semelhança do que já sucede para o Ensino Básico e Secundário, que este estudo venha a ser replicado periodicamente (de 4 em 4 anos), de forma a permitir o acompanhamento dos comportamentos, crenças e atitudes desta população e o planeamento de intervenções preventivas e promotoras da saúde adequadas às necessidades concretas de cada região.
Coordenação: Vítor Sérgio FerreiraData: 2007/1012
Sumário: O projecto de investigação pretende o aprofundamento da relação entre corporeidade e processos juvenis de (re)construção identitária, a partir do estudo de dois casos específicos: os comportamentos anorécticos e os comportamentos vigorécticos. Estes casos correspondem a manifestações juvenis cuja visibilidade se impõe pela singularidade e espectacularidade que enforma a respectiva expressão corporal, bem como pela relevância social que lhes é atribuída, enquanto comportamentos tidos como psico-patológicos em crescimento na sociedade portuguesa. O objectivo da investigação é o de inventariar a estrutura sócio-simbólica de que tais comportamentos se revestem enquanto referentes de construção identitária num dado momento do ciclo de vida.
Objectivos: Propõe-se investigar algumas práticas desportivas e alimentares que pretendem a exploração «radical» da aparência do corpo, com o objectivo de compreender e interpretar os seus significados culturais e ancoramentos sociais. O que motiva alguns jovens a optar por determinado tipo de expressões corporais “radicais”, muitas vezes enfrentando graves e elevados riscos físicos e sociais? Que configurações de sentido atribuem a esses corpos? Que condições sociais propiciam a sua emergência? Que efeitos produzem a sua assunção? Tais questões far-se-ão a partir de alguns domínios de observação ilustrativos de produções e utilizações juvenis do corpo geralmente consideradas «radicais»: os comportamentos anorécticos e vigorécticos, ou seja, comportamentos caracterizados pela adesão intensiva a regimes dietéticos muitas vezes acompanhados da ingestão de substâncias que prometem o emagrecimento (ex.: diuréticos) ou o aumento da massa muscular (ex.: anabolizantes) e de sobre-exercício físico.
Palavras-chave: Corpo, anorexia, vigorexia, juventude
Equipa: Marta Varanda (ICS-UL), Vitor Sérgio Ferreira (ICS-UL), Paulo Madruga (ISEG-UTL), Vitor Escária (ISEG-UTL)
Financiamento: Projecto realizado em parceria entre o Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa, e o CIRIUS – Instituto Superior de Economia e Gestão da Universidade Técnica de Lisboa (ISEG-UTL), com o apoio financeiro da A3ES
Data: Julho de 2011 a Julho de 2012
Sumário: A empregabilidade designa a qualidade ou possibilidade de se ter um emprego. O seu acréscimo ou melhoria constitui um dos objectivos primordiais apontados pelo Processo de Bolonha. Neste sentido, o conjunto do sistema de ensino superior (universitário e politécnico, público e privado), deverá ser sujeito à verificação dos seus resultados através do modo como os graduados e diplomados obtêm ou consolidam uma posição no mercado de trabalho. A ênfase colocada neste objectivo visa assinalar que, para além de proporcionar uma formação cívica e humana de carácter global, o ensino superior destina-se a formar profissionais qualificados e bem preparados para enfrentar os desafios e adversidades do mercado de trabalho. Mas também é necessário ter presente que as competências adquiridas pelos diplomados que concluíram um determinado ciclo de estudos só estarão plenamente cumpridas quando tais diplomados concretizarem a sua aprendizagem através da prestação de um serviço de trabalho, o que nem sempre está ao seu alcance imediato. Cinco anos após a generalização da adopção do Processo de Bolonha no sistema de ensino superior em Portugal, importa saber se tal objectivo primordial da realização da empregabilidade tem sido alcançado. Por tal razão, julgamos essencial realizar um estudo sistemático que permita complementar e prolongar os resultados de outros trabalhos pontuais e sectoriais, com vista à formação de um conhecimento aprofundado da situação da empregabilidade dos diplomados do ensino superior em Portugal.
Objectivos: Compreender em que medida as instituições universitárias e politécnicas portuguesas estão dimensionadas e preparadas para corresponder às necessidades e disponibilidades de emprego, e quais as reformas e reestruturações que é necessário promover para melhorar o seu desempenho neste domínio. Saber qual o papel que as instituições de ensino superior atribuem aos gabinetes ou observatórios de acompanhamento dos percursos dos seus diplomados ou, quando tais serviços não estejam disponíveis, qual a sensibilidade que têm sobre a importância desta matéria no quadro das suas rotinas de funcionamento. Perceber em que medida os resultados conhecidos sobre empregabilidade de diplomados nos diferentes ciclos de estudos condiciona ou pressiona as instituições a mudanças significativas na estrutura da sua oferta curricular.
Metodologia: O trabalho a realizar será orientado em torno de dois eixos ou componentes fundamentais, que passaremos a explicar separadamente:
1) Eixo ou componente de análise empírico-quantitativa: esta abordagem permitirá a fixação e sistematização de elementos dispersos de informação sobre o número de diplomados no ensino superior português, ao longo de um período mínimo de 10 anos, e sobre a caracterização das respectivas entradas ou progressões no mercado de trabalho. Será privilegiada uma abordagem que procurará explorar os contributos que diversas fontes de informação podem providenciar para obter as respostas às questões identificadas. Procurar-se-á, com estes diferentes olhares permitidos pelas diferentes fonte de informação, construir uma visão tão completa e sistemática quanto possível.
2) Eixo ou componente de análise qualitativa: Com base nos resultados recolhidos a nível das fontes secundárias, será construída uma amostra limitada de estudos de caso (6 a 8) a explorar mais intensivamente, tipologicamente ilustrativos de diferentes configurações de inserção profissional. Dado que a análise estatística dos dados secundários é insuficiente para compreender as fragilidades do emprego dos diplomados, na exploração de cada estudo de caso serão aplicadas técnicas mais intensivas de recolha de dados, recorrendo-se a entrevistas individuais semi-directivas a actores-chave identificados para cada dimensão de análise: responsáveis académicos pela avaliação e encaminhamento laboral; alunos, ex-alunos e seus representantes; empregadores e seus representantes; representantes de associações e de movimentos sociais a actuar na área.
Palavras-chave: ensino superior; empregabilidade; transições para o mercado de trabalho.
Coordenação: Monica TruningerEquipa: Ana Horta (ICS-UL), Vanda Aparecida da Silva, Sílvia Alexandre (SOCIUS).
Financiamento: Projecto FCT 2011-2013
Sumário: As estatísticas globais sobre obesidade e excesso de peso apontam para a existência de mais de um bilião de pessoas nesta situação [1], tornando-se um grave problema deste século. Esta questão é sobretudo preocupante no grupo das crianças, adquirindo contornos epidémicos: na Europa dos 25, estimativas recentes indicam que existem 22 milhões de crianças com excesso de peso, das quais 5,1 milhões são obesas [2]. Os escassos estudos realizados em Portugal mostram que no grupo etário dos 7-11 anos mais de 30% têm excesso de peso ou são obesas [3,4,5]. Isto é resultado de vários factores, entre eles uma dieta alimentar cada vez mais desequilibrada, onde as gorduras e os açúcares predominam [6]. Acresce ainda que uma parte substancial da vida da criança é, inegavelmente passada na escola, sendo crucial o seu papel e, em particular, o serviço de refeições na promoção de hábitos alimentares e estilos de vida mais saudáveis. Dada a pertinência deste tema, fortemente mediatizado, e a escassez de estudos sociológicos nesta área, tanto a nível internacional como, sobretudo, a nível nacional, este projecto visa compreender a organização e regulação dos sistemas de refeições escolares orientados para a alimentação saudável, a apropriação e os conhecimentos alimentares que as crianças têm, bem como os hábitos alimentares das famílias. Em Portugal, assim como na Europa, o serviço de refeições escolar tem sido bastante criticado pelo fornecimento de uma alimentação nutricionalmente desequilibrada, onde vigoram produtos com índices elevados de gordura, açúcar e sal. Mais, estes produtos têm normalmente origem em sistemas agro-alimentares intensivos, com impactos nocivos no ambiente, segurança alimentar e equidade social. Acrescem ainda as preocupações acerca dos fracos conhecimentos que as crianças têm sobre alimentação e culinária e a cada vez mais ténue relação da criança com estilos de vida saudáveis. Em resposta a estes problemas, tem vindo a ser implementada nalguns países europeus, uma reforma gradual do sistema público de refeições [7]. Portugal não é excepção e, nos últimos anos, foram lançadas algumas recomendações governamentais para as escolas e empresas de restauração colectiva de modo a incentivar mudanças nas ementas e bufetes escolares [8]. Em paralelo, a União Europeia financiou recentemente uma iniciativa – Regime de Fruta Escolar – que visa contribuir para a promoção de hábitos alimentares mais saudáveis nas populações jovens. Portugal aderiu a esta iniciativa que está a ser implementada no ano lectivo 2009/2010.Nalguns países, estratégias para a promoção da saúde, segurança alimentar e sustentabilidade têm passado por iniciativas de relocalização das compras públicas alimentares, incentivando-se a utilização de produtos locais ou de agricultura biológica [7, 9]. Em Portugal, estudos recentes concluíram que existe um crescente interesse pela produção e consumo de produtos nacionais e biológicos, e que as preocupações com a saúde são centrais no consumo ‘bio’ [10, 11].Assim, um conjunto de questões suscita o nosso interesse em explorar melhor as articulações entre o serviço de refeições escolar, os hábitos alimentares das crianças e os das suas famílias. Como é que as escolas portuguesas têm operacionalizado estas recomendações e iniciativas governamentais? Como é que as crianças têm apropriado a alimentação escolar onde, muitas vezes, as escolas estão rodeadas de um ambiente obesogénico? Será que as crianças estão expostas a informações consistentes sobre alimentação saudável na escola e em casa? Ou serão as mensagens e conhecimentos que adquirem contraditórios? Estas são as nossas questões de partida, inspiradas pelas conclusões de um estudo britânico que comparou o serviço de alimentação escolar no Reino Unido e na Itália. Este estudo contou com a participação da coordenadora desta proposta, onde foi conduzida uma investigação das práticas alimentares das crianças (e suas famílias) bem como dos seus conhecimentos alimentares. A escassa pesquisa sociológica sobre esta temática, a nível internacional e nacional, é a principal razão para adaptar aquele estudo ao nosso contexto, ajustando as metodologias já desenhadas e testadas por Mara Miele (consultora deste projecto). Os métodos combinam diários alimentares das crianças; grupos de discussão com crianças e pais; e entrevistas semi-directivas com os principais actores do sistema público de refeições. Para além da componente metodológica inovadora, o estudo cobre uma temática pouco analisada na sociologia do consumo, alimentação e infância – a aquisição de conhecimentos alimentares das crianças – informada pelas teorias da prática [12]. A equipa é jovem mas muito experiente e dedicada, com grande entusiasmo pelo tema, reunindo consultores de excelência nas áreas da obesidade, saúde pública, educação e escola, infância e família.
Coordenação: Teresa Seabra Equipa: Teresa Seabra (P.I.) (ISCTE-IUL); Maria Manuel Vieira (ICS-UL), Patrícia Ávila (ISCTE-IUL), Sandra Mateus (ISCTE-IUL)
Data: 01/02/2012 – 31/01/2014
Financiamento: Fundação para a Ciência e Tecnologia (PTDC/CS-SOC/119797/2010)
Sumário: Com a presente proposta pretende-se dar continuidade a uma pesquisa que acaba de ser concluída (Seabra e outros, 2010) e que revelou resultados merecedores de aprofundamento. Trata-se da análise dos resultados obtidos pelos alunos da escolaridade básica em exames nacionais (provas de aferição do 4º e 6º anos de escolaridade em 2008/09), considerando, por um lado, as condições socioculturais dos alunos e, por outro, os resultados obtidos por cada escola. Foi possível identificar escolas que, tendo populações escolares em semelhantes condições sociais (escolaridade, classe social dos pais e países de origem), obtiveram resultados significativamente distintos (considerando a média e o desvio-padrão das classificações obtidas a Português e a Matemática). Que variáveis escolares sustentam esta diferença de resultados? Que práticas e representações específicas produzem esta mais valia no desempenho escolar, ou seja, que condições e processos intraescolares fazem com que os resultados obtidos pelo conjunto dos seus alunos se situem acima do “expectável”? O objectivo central da pesquisa é o de apreender, através do conhecimento aprofundado das escolas (sua organização e funcionamento, clima organizacional, práticas e representações dos docentes), as especificidades escolares que contribuem para a diferenciação de resultados entre escolas, tendo como ponto de partida alunos com um perfil social semelhante. A pesquisa articulará, de forma complementar, uma componente extensiva-quantitativa e outra intensiva-qualitativa (estudo de caso múltiplo). Sabendo que é a Área Metropolitana de Lisboa (AML) é a região do país onde se concentra o maior contingente de alunos com origem imigrante (em 2003/04, último ano lectivo de que dispomos informação estatística, 70% dos alunos de origem imigrante frequentavam escolas desta região (Seabra, 2008) e conhecendo a significativa presença da reprovação nestes primeiros anos de escolaridade (dos 40 528 alunos analisados em Seabra e outros (2010), 13.5% já tinham reprovado quando frequentavam o 4º ano de escolaridade e essa situação já tinha sido vivida por 23.4% dos alunos do 6º ano) e o agravamento dos resultados obtidos nas provas do 4º para o 6º ano (a Matemática duplica a proporção de classificações negativas), decidiu-se manter a delimitação do objecto empírico do estudo realizada anteriormente (Seabra e outros, 2010): alunos do 4º e 6º ano que realizaram provas de aferição na AML. As bases de dados que sustentam esta vertente extensiva da pesquisa resultarão de duas existentes no Ministério da Educação (no GAVE e no MISI) e terão a escola, a classificação obtida nas provas, o sexo, a naturalidade e a nacionalidade do aluno e a caracterização social das suas famílias (profissão, situação na profissão, escolaridade, naturalidade e nacionalidade de cada um dos pais). Depois de termos sedimentado (ou não) as conclusões retiradas nos estudos precedentes quanto à relação dos resultados escolares com as características sociais e culturais das famílias, e identificadas, com segurança, as escolas que “fazem melhor”, realizar-se-á um estudo comparativo de 4 escolas (2 do 1º ciclo e 2 do 2º ciclo). Através do confronto entre as dinâmicas existentes nas escolas que revelam um desempenho acima do “expectável” e as que, tendo populações escolares com perfil social semelhante, não conseguem esses bons resultados, identificaremos um conjunto de especificidades escolares produtoras de (in)sucesso escolar. Confrontaremos as escolas quanto ao perfil de liderança, aos documentos que enquadram a sua actividade (projecto educativo, regulamento interno, plano anual de actividades), à organização das turmas e turnos e analisaremos as práticas pedagógicas implementadas pelos respectivos docentes, bem como as representações da sua actividade e do papel da escola nas sociedades actuais. Na componente extensiva da pesquisa, a análise dos dados far-se-á com recurso à estatística descritiva, à estatística inferencial e à estatística multivariada e na componente intensiva utilizar-se-á uma multiplicidade de técnicas de recolha e tratamento da informação: observação participante (de recreios, reuniões e aulas); conversas informais com docentes, funcionários e alunos; questionários aos alunos do 4º e do 6º ano; entrevistas a docentes e a pais (focus-group); análise estatística de dados disponíveis na escola; análise de conteúdo de documentos e das entrevistas. Com os resultados obtidos pretende-se contribuir para o conhecimento das condições e processos escolares que favorecem o sucesso dos alunos nos primeiros anos da escolaridade, disponibilizando resultados inovadores que constituirão um apoio na tomada de decisões políticas, nomeadamente, na promoção do sucesso escolar dos alunos descendentes de imigrantes. No nosso país, o conhecimento do “efeito-escola” e do “efeito-professor” é diminuto (Pereira, 2010; Portela e outros, 2007) e inexistente no caso específico dos alunos terem origem imigrante.
Coordenação: Ana Nunes de AlmeidaEquipa: Maria Manuel Vieira, Isabel Margarida André, Maria Natália Alves (núcleo OPEST) e 22 investigadores da UL
Sumário: Em contexto europeu, Portugal entra tarde na modernidade educativa. O forte investimento público no sistema de ensino, a implementação da escolaridade obrigatória efectiva, a democratização e generalização da experiência escolar verdadeiramente começam nas últimas 3 décadas. A sua emergência faz-se acompanhar de intensos e rápidos ritmos de mudança. Distante da escolaridade obrigatória, o ens. superior surge no termo de uma longa trajectória marcada por etapas eliminatórias. Até há bem pouco tempo, a Universidade surge como um destino escolar extremamente limitado e selectivo. Hoje, dificilmente abrange a maioria dos jovens (em 2000/2001, 30% dos Portugueses com 20 anos frequenta o ensino superior – 31% na UE-15), mas um significativo esforço político tem sido feito para expandir o nº de alunos no ensino superior: este decuplicou nos últimos 30 anos, apesar do drástico mecanismo de numerus clausus em vigor. Entretanto, a feminização tornou-se uma nova tendência muito vincada e contínua (desde a década 70, séc XX); a expansão da oferta pública regional de ensino universitário e politécnico, bem como a do ensino particular e cooperativo tem contribuído para quebrar o monopólio tradicional de Lisboa-Porto-Coimbra, aumentar e diversificar a oferta de cursos. Macro-mudanças estruturais sustentam a viragem: a melhoria das condições de vida, o acentuado declínio das taxas de fecundidade e a redução das descendências, novas representações sobre a criança e o jovem, a mobilização activa das famílias em torno do diploma escolar dos filhos (entendido como o instrumento legítimo de acesso às posições sociais de privilégio) são factores a ter em conta. Particularmente elevado no 1º ano, o insucesso escolar (reprovação, abandono ou alongamento dos estudos), é um problema maior do ensino superior. A UL não é uma excepção: a “taxa de insucesso escolar” oficial para 2003-2004 aproxima-se dos 41% – variando entre um máximo de 55% (Fac. de Letras) e um mínimo de 4.5% (Fac. de Medicina). Mobilizando alguns dos seus investigadores e decisores num processo de “reflexividade continuada”, um grupo tem trabalhado desde 2004 na questão do “insucesso escolar da UL” – discutindo quadros teóricos e conceptuais que o constroem como problema científico; recolhendo, tratando e interpretando a informação empírica disponível; concebendo instrumentos metodológicos para medir a sua incidência e modalidades; planeando a intervenção e a monitorização de comportamentos, competências e trajectórias de estudantes. Identificou-se, aliás, um paradoxo entre a percepção do insucesso pela perspectiva institucional dominante (negativamente entendido como sinónimo de ausência de competências académicas) e o ponto de vista individual do jovem (que eventualmente o concebe como etapa experimental de uma entrada a pequenos passos na condição adulta). A relevância e relativa invisibilidade do “insucesso escolar” no ensino superior, como problema social e científico, a importância do seu estudo para o desenho de políticas inclusivas estão na origem desta candidatura. Associa investigadores e docentes da UL (de 4 Faculdades: Letras, Ciências, Psicologia e Ciências da Educação, Direito; do Instituto de Ciências Sociais) numa equipa coordenada por uma das Pró-Reitoras, ela própria socióloga e investigadora.
Objectivos: 1) discutir conceitos e teorias que constroem o “insucesso escolar” (nas suas várias modalidades) como problema dos sistemas de ensino superior. Uma especial atenção será concedida ao debate contemporâneo sobre, por um lado, a “condição juvenil” em sociedades (e famílias) fortemente individualizadas, nas quais o “risco” parece modelar os processos de construção e procura de identidade; e, por outro, sobre visões contrastadas da missão da ciência – ora evidenciando e explicando tendências globais, ora descobrindo e compreendendo “trajectórias improváveis”;
2) recolher dados (nacionais e internacionais) que permitam contextualizar o caso específico da UL no universo português e europeu;
3) seleccionando o contingente de recém-chegados e os 1º/2º ano de frequência universitária, caracterizar a incidência e as modalidades do insucesso escolar na UL – nas suas várias faculdades, cursos, disciplinas (através da aplicação de um inquérito por questionário). Prevê-se uma abordagem longitudinal: para a mesma coorte de alunos, estabelecem-se comparações sistemáticas entre o 1º e o 2º momento de inquirição;
4) explicar as tendências maiores detectadas, relacionando os resultados obtidos com a origem social, a condição de género, o background escolar, a actividade profissional dos alunos;
5) recolher e interpretar as representações que os alunos têm do insucesso escolar, no âmbito de processos de transição para a vida adulta em sociedades onde individualização e risco estruturam as condições de vida; estão previstos 4 estudos de caso e a realização de entrevistas compreensivas;
6) fazer recomendações aos decisores institucionais (a equipa reitoral da UL), no sentido de baixar comportamentos e custos do insucesso escolar.
Palavras-chave: Universidade, insucesso, abandono, contexto, trajectórias;
Os estudantes à entrada da UL: 2010/11. Ana Nunes de Almeida, Isabel André, Maria Manuel Vieira, Natália Alves, Valentina Oliveira Edição: Reitoria da Universidade de Lisboa, 2011.
Caloiros da UL: um ano depois. Ana Nunes de Almeida, Isabel Margarida André, Maria Manuel Vieira, Natália Alves, Valentina Oliveira. Edição: Reitoria da Universidade de Lisboa, 2010.
At the entrance gate: students and biographical trajectories in the University of Lisbon. Ana Nunes de Almeida, Maria Manuel Vieira. Portuguese Journal of Social Science Volume 8 Number 2, 2009.
Coordenação: Nina Clara TieslerEquipa: Sine Agergaard (IFI, Uni. Copenhagen), Carmen Rial (Uni. Federal de Santa Catarina)
Data: 2011-2013
Sumário: In the last twenty years, a phenomenon has emerged which is entirely new in the study of gender, migration, women and sport, namely the international migration of female football talent and labour, due to the boom which women’s football (WF) has enjoyed as the fastest growing women’s sport worldwide (Wil2007). Today, while WF is part of a growing number of development projects e.g. in Sub-Saharan African countries (Saa2003, She2010), the structural and socio-cultural conditions differ significantly at international level: the game has experienced growth in economic support, and the organization of professional leagues in the core countries of WF (the pioneering Nordic countries, the USA and more recently a number of Asian countries) (AgBo2010), but is still neglected in other civil societies and excluded from their sport support systems or even forbidden by law (e.g. until 1975 in Brazil, again in 2003 in Niger and Iran). In consequence, migration is in its incipient stages, but with substantially increasing fluxes, mainly from South to North and North to West, and already expanding beyond its traditional geographical limits and assuming globalized characteristics. The percentage of top players who leave the developing countries of WF (which include Europeans ones, e.g. Portugal) is at levels of up to 80% (Tiesler Figures), while migrants constitute up to 50% of players in premier league clubs of the core countries, e.g. Germany, Norway and Sweden (team rosters 2011). That there are high percentages of expatriate players in the top European leagues is well known in male football (PoBe2010). In contrary to their male counterparts, who receive attractive wages, women footballers often receive only the national minimum wage, and lack labour rights and adequate health insurance (AgBo2010). What makes women leave (structural, super-structural, subjective reasons)? How far do motives, experiences and outcomes of migration projects differ between the developing and core countries of WF? Do female football migrants gain long-lasting social capital? Do homophobic and racist approaches play into the recruitment strategies of clubs? Who supports these women and their migration projects? What are the consequences for WF at local, national and global levels? What are the consequences for prevailing civic society models of sport and their inherent gender inequality? Academic research on women’s football (Wil2007, Lis2006, SaaBa2010), on sport and gender (Pfi2010, She2010, Lis2008), and on male football migration (TiCo2008, MaFa2010, AgSo2009, Ria2008) has emerged substantially in the last 15 years, with the first case study on women’s football migration (WFM) by team members AgBo2010; however, a comparative study at international level, which also operates in the sending countries, has no precedent. Relative academic neglect does make a case for scientific research to provide important information to policy makers. These movements also appear before the necessary legal and economic conditions to safeguard WF migrants’ existences have been established (AgBo2010). Professionalization processes in WF are hence still underway (Wil2007); in fact, migrants are often the only (semi-)professional players in many receiving clubs. Risk migration, premature professionalism, short careers and socio-cultural stigma (against women in a male domain who do not fit with dominant concepts of femininity) are often the reality which opens space for policy recommendations about how to improve conditions for WF and its current professionalization process in different national contexts (Policy Reports). While migratory movements are a motor in this process, none of the parties involved (governing bodies FIFA and UEFA, federal/national Football Associations, clubs, players’ labour unions, sport and gender projects in development countries, coaches, clubs and players with migration aspirations) have the minimum basic data upon which to build (Database). This project aims to develop knowledge about the ways in which WFM creates new challenges and opportunities in the sending and receiving countries, not only for women’s football but also for the gender systems and differing civil society models of sport (Book). With comparative historical (structural differences) and quantitative (fluxes) data on 40 (of 168 FIFA-listed) WF countries, as well as qualitative data from case studies in Brazil and Portugal (among the main senders) and Sweden, Germany and the USA (main receivers), the study will contribute conceptually to migration studies: as WF is a field of “gender trouble” (But1990) also marked by homophobia (SFPB1999), our analyses will throw up new issues in debates on mobility decision making, women’s football migration and sport migration (Journal articles).
Objectivos: This project will analyse the causes and consequences of women’s football migration (WFM) and the migration aspirations and outcomes of the main agents involved in the process. It aims to develop knowledge about the ways in which WFM creates new challenges and opportunities in the sending and receiving countries, not only for women’s football (WF) but also for the gender systems and differing civil society models of sport. Relative academic neglect makes a case for scientific research to provide important information on women’s football migration to policy makers. Much movement of women players has appeared before the necessary legal and economic conditions to safeguard migrants’ rights have been established. While one can assume that fluxes will increase parallel to the commercialization and professionalization processes, none of the parties involved have basic data upon which to build.
Palavras-Chave: International Migration, Highly Skilled Women, Women’s Football, Gender.
Coordenação: José Machado Pais, Maria Isabel Mendes de Almeida.Equipa: Vítor Sérgio Ferreira , Ana Nicollaci, José Alberto Simões (FCSH-UNL)
Financiamento: Projecto realizado em parceria entre o Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa, a Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro; e a Universidade Cândido Mendes do Rio de Janeiro – Centro de Estudos Sociais Aplicados.
Data: 2009 / 2011
Sumário: Tendo por objecto de estudo o universo juvenil, pretende-se pesquisar em simultâneo, dois processos:
a) o da “criativização da profissão” – movimento que estará a fazer passar o valor da criatividade, mais habitualmente associado ao universo das artes, para o espaço da “empresa”;
b) o da “profissionalização da criatividade” – movimento que estaria, cada vez mais, a conferir conferindo à criação artística uma tonalidade “profissional”. (A coordenação do projecto envolve também a Professora Maria Isabel Mendes de Almeida, da Universidade Cândido Mendes, do Rio de Janeiro).
Objectivos: Identificar, entre jovens portugueses e brasileiros, novas condutas profissionais, propiciadas pela conciliação entre desempenho e criatividade.
Coordenação: João Teixeira LopesEquipa: Maria Manuel Vieira, José Resende, Benedita Melo, Bruno Dionísio, Pedro Caetano, Hernâni Neto.
Financiamento: Projecto FCT nº FSE/CED/83553/2008
Sumário: O presente projecto visa a constituição de um observatório que desenvolva planos de observação e avaliação sistemáticos sobre os territórios educativos de intervenção prioritária (TEIP). Os TEIP foram implementados em Portugal em 1996 tendo, desde então, sofrido alguns avanços e recuos na sua concretização. Inspirados, em boa medida, na criação das «zones d’éducation prioritaires»(ZEP) em França (1988), por sua vez devedoras das ZP (zones prioritaires – denominação original de 1981), colhem ainda influência das experiências pioneiras nos EUA (Relatório Coleman em 1966, onde a escola surge como variável estatisticamente nula (“schools make no difference”/o sistema explica tudo) e no Reino Unido (Relatório Plowden, 1967: as diferenças entre famílias têm maior poder explicativo das desigualdades de desempenho discente do que as diferenças entre as escolas). \nActualmente centrados nas áreas metropolitanas de Lisboa e de Porto, os TEIP têm-se orientado quer para uma acção compensatória, baseada no princípio de que o sistema pode e deve compensar a desigualdade através de uma prioridade em termos de meios (dar mais a quem tem menos) e de atenção (projectos, formação, avaliação); quer para o reforço da fecunda dialética «recentragem sobre a escola/abertura através de parcerias» e de contacto activo com o território envolvente, os seus recursos, instituições e populações (que se traduz numa certa territorialização das próprias políticas educativas e na própria ideia de «projecto educativo»); quer na criação de infraestruturas (pavilhões desportivos, refeitórios, bibliotecas escolares), quer, ainda, numa integração dos ciclos de ensino (já que as descontinuidades acentuam as fragilidades do sistema) e no combate ao absentismo, abandono e insucesso escolares. Para concretizar o objectivo de constituição de um observatório que se prolongue no futuro através da aquisição de rotinas baseadas na construção de indicadores e dispositivos de avaliação, optaremos por efectuar um levantamento e análise crítica dos relatórios de auto-avaliação produzidos pelas 36 escolas que se constituem actualmente como TEIP. Esta aproximação permitirá não só encontrar regularidades, tendências e contratendências como detectar «efeitos-escola e possibilidades de multiplicação e de tradução de boas práticas. De igual modo, será possível confrontar a autoavaliação das escolas com contradições e insuficiências, tornando-se possível, no limite, criar um corpo de dimensões e indicadores de avaliação que estimulem um salto qualitativo na observação destas escolas. Por outro lado, ao propormos trabalho de terreno (mediante a aplicação de entrevistas e a recolha de documentos) em duas escolas da área metropolitana do Porto e em outras duas da área metropolitana de Lisboa (em cada caso, uma das escolas situada no concelho sede da metrópole, outra na periferia) seremos capazes de monitorizar, in loco, a articulação entre um nível macro (políticas educativas, mercado de trabalho e dinâmicas territoriais), um nível mezzo (o ethos de cada escola, a sua cultura organizacional e institucional) e as práticas e representações (nível micro) das lideranças. O observatório, produto fundamental deste projecto, ampliará a reflexividade na aplicação e monitorização das políticas públicas.
Coordenação: José Machado PaisEquipa: Cicero Roberto Pereira, Simone Tulumello, Cláudia Casimiro, Sofia Aboim, Pedro Moura Ferreira, Marcelo Camerlo , Andrés Malamud, Vitor Sérgio Ferreira, Jussara Rowland, Ana Nunes de Almeida, Ana Delicado e Sérgio Moreira
Sumário: O projeto resulta de um protocolo envolvendo o Instituto Português do Desporto e Juventude (IPDJ), a Organização Ibero-americana de Juventude (OIJ) e o Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa (ICS- ULisboa), tendo por objetivo a realização de um estudo sobre a juventude portuguesa, com base no Primeiro Inquérito Ibero-Americano de Juventudes.
Data: 2014
Este pioneiro Inquérito, realizado na base de uma amostra de um universo de cerca de 160 milhões de jovens ibero-americanos dos 15 aos 29 anos, implicou a realização de entrevistas a 18 935 jovens de 20 países ibero-americanos (apenas Cuba esteve ausente da amostra). Em Portugal foram entrevistados 814 jovens. O Inquérito, coordenado pela Organização Ibero-americana de Juventude, com o patrocínio do Banco Interamericano de Desenvolvimento e do Banco de Desenvolvimento da América Latina, contou com o apoio de especialistas da Comissão Económica para a América Latina e o Caribe, do Programa de Desenvolvimento das Nações Unidas e da Universidade Nacional Autónoma do México. O trabalho de campo deste Primeiro Inquérito às Juventudes Ibero-americanas realizou-se no 1º trimestre de 2013, a partir de uma amostra probabilística constituída pelos números de telefone residenciais (fixos) dos países envolvidos. Em cada país, a amostra foi estratificada por idades.
Coordenação:José Machado Pais
Sumário: O projecto procura uma compreensão sociológica dos mecanismos da produção de afectos (e desafectos) entre os jovens, e das teias de condutas juvenis e de redes sociais que – a montante e a jusante do processo de produção de afectos – se lhes associam. Em suma, tentaremos ver em que medida os investimentos (ou desinvestimentos) afectivos e expressivos se traduzem em processos particulares de socialização (ou dessocialização).
Objectivos: A forma como os jovens vivem os afectos determina o sentido que eles atribuem à vida. Os seus traços comportamentais em vários contextos da sua quotidianeidade (escola, família, sociabilidades, etc.) encontram-se ancorados à vivência dos afectos. É provável (hipótese a explorar) que os sentimentos em relação à vida quotidiana ou os investimentos em relação ao futuro estejam associados à forma como os afectos são vividos. Como corolário, é também provável que algumas condutas de “rebeldia” ou de “risco” (como consumos toxicodependentes) expressem ausência de afectos ou traduzam relacionamentos complicados na vida afectiva e sexual dos jovens. Problemas que tocam muitos jovens -como desinformação sexual, gravidezes indesejadas, contracção de DST’s, angústias existenciais, dessocialização e desidentificação, isolamento, falta de auto-confiança, etc.- poderão ser adequadamente contornados com um conhecimento mais profundo e fundamentado da natureza e determinantes destes.
Palavras-Chave: sexualidade, jovens, afectos
Coordenação: José Machado Pais e Vítor Sérgio Ferreira.Equipa: Cátia Nunes, Teresa Amor, Sofia Aboim, Rui Costa Lopes, Henrique Duarte, Diniz Lopes, Gil Nata, Isabel Menezes.
Sumário: O projecto analisa os faseamentos do curso de vida e os tempos fortes de passagem de uma a outra fase de vida, em função de determinadas ocorrências ou experiências de vida (iniciação sexual, coabitação, casamento, primeiro trabalho remunerado, nascimento de um primeiro filho, reforma, etc.), para além da aferição da relevância que os inquiridos atribuem a esses marcadores de passagem. As transições para a vida adulta e os respectivos marcadores e normas etárias são objecto de análise específico, numa perspectiva comparada entre Portugal e um conjunto de países europeus. Deste modo, o projecto procura confrontar as atitudes dos portugueses com a de outros europeus em relação à organização do curso de vida e às estratégias mais valorizadas na sua planificação.
Objectivos: o projecto tem por objectivo a análise dos dados do módulo sobre a Organização dos Tempos da Vida na Europa, incluído na 3ª ronda do European Social Survey. O Inquérito foi concebido no âmbito de uma rede de investigação dirigida ao estudo comparativo dos valores e atitudes sociais na Europa, tomando-se como instrumento de inquirição um questionário aplicado a amostras representativas das populações dos países participantes. O módulo sobre a Organização dos Tempos de Vida na Europa foi desenvolvido por um equipa constituída por: Francesco Billari (Università Bocconi, Itália), Gunhill Hagestag (Adger University College, Noruega), Aart Liefbroer (Netherland Interdisciplinary Demographic Institute and Free University of Amsterdan, Holanda), e Zsolt Spéder (Hungarian Central Statistical Office, Hungria). O inquérito dá-nos uma série de indicadores sobre a forma como os indivíduos orientam o seu curso de vida, em termos da sua cronologias, sequência e planeamento. Permite ainda avaliar as representações sociais que tomam o curso de vida como uma sequência estruturada de diferentes fases e transições de vida, bem como as normatividades sociais que as padronizam ou sancionam.
Palavras-chave: transições para a idade adulta; marcadores de passagem; normas etárias.
Consultores: Maria Isabel Mendes de Almeida (PUC-Rio de Janeiro / Cesap-UCAM), Natália Alves (IE-UL).
Financiamento: FCT – PTDC/CS-SOC/122727/2010
Execução: Janeiro de 2012 – Dezembro 2013
Sumário: As dificuldades com que os jovens hoje se debatem nas suas transições para a vida adulta em geral, e no seu processo de transição para o trabalho em particular, têm tornado esta categoria social num alvo privilegiado de políticas públicas, bem como num dos mais produtivos objectos de estudo da sociologia contemporânea. Num contexto de flexibilização e volatilidade dos mercados de trabalho e de precarização da relação salarial, os jovens são hoje obrigados a lidar com a insegurança e a polivalência que crescentemente pontuam as suas transições para o mundo do trabalho.
O valor do trabalho, contudo, não deixou de ser central na vida dos jovens. Não só continua a ter centralidade, como as suas atitudes perante esta dimensão da vida são mais exigentes, ambicionando no trabalho a combinação ideal de valores extrínsecos (como a segurança e remuneração, por exemplo) com valores intrínsecos (como a realização pessoal e o interesse pela tarefa). Ambição cuja realização, até recentemente, estava sobretudo associada ao exercício de profissões de prestígio sancionadas por diplomas escolares, como médico, advogado, engenheiro ou arquitecto. As profissões sonhadas tendiam a implicar a mediação selectiva da formação superior. No contexto actual, as promessas da universidade que informavam tais sonhos (segurança, estabilidade, emprego, estatuto social, etc.) têm sido colocadas em causa. O diploma já não garante a entrada e progressão numa carreira, sequer um emprego coerente com a formação que certifica. No actual contexto de crise da escola e de incerteza laboral, as promessas académicas concorrem com promessas mediadas por outros contextos sociais, como os media e as próprias culturas juvenis. As profissões de sonho juvenis já não passam obrigatoriamente por carreiras consagradas no ensino formal. Outro tipo de actividades e ocupações têm integrado as expectativas profissionais de cada vez mais jovens, promovendo a sua incursão em novos territórios educativos e laborais, bem como o ensaio de novas formas de viver as transições para a vida adulta que necessitam ser mais estudados.
Objectivos: Ao explorar uma área de investigação sociológica praticamente virgem a nível nacional e internacional, este projecto visa dar conta de aspirações, projectos e trajectos de inserção profissional em áreas de actividade hoje bastante atractivas para as novas gerações, mas ainda pouco institucionalizadas quanto aos recursos e percursos de profissionalização prescritos: a moda, a música de dança, o desporto e a gastronomia. Em termos de universos observáveis, a análise focar-se-á em ocupações recentes em Portugal, como ser modelo ou disc jockey (DJ), e em profissões objecto de acentuados processos de revalorização simbólica e de reconfiguração social, como ser futebolista ou cozinheiro (na versão chef). A pesquisa tem como questão central saber que configurações objectivas e subjectivas assumem os percursos de transição para o mundo do trabalho dos jovens no âmbito destas novas profissões de sonho. As configurações objectivas remetem para a identificação dos itinerários, das condições de socialização e dos recursos mobilizados (sociais, materiais e simbólicos) no acesso ao exercício destas actividades; as configurações subjectivas remetem para os quadros simbólicos (aspirações, expectativas e valores do trabalho) subjacentes à produção do sonho de ser alguém nestas actividades e à sua concretização num projecto e num trajecto.
Metodologia: Metodologicamente, a investigação desenvolver-se-á segundo protocolos de natureza qualitativa, onde a palavra e a experiência dos jovens envolvidos terão lugar privilegiado. Trata-se de uma abordagem metodológica inovadora, considerando o lugar central das metodologias extensivas e quantitativas na investigação nacional e internacional sobre transições para o trabalho, que frequentemente obscurecem as vivências subjectivas desses processos.Para cada uma das quatro actividades em análise, e confinando-nos à região metropolitana de Lisboa, dois contextos contrastantes serão seleccionados. Em cada um desses contextos, a seguinte estratégia metodológica será seguida: a) dois grupos focais de jovens no início da sua formação (total de 16 grupos focais); b) quatro entrevistas em profundidade a jovens creteriosamente seleccionados na base de perfis-tipológicos resultantes do material recolhido nos grupos focais (total de 16 entrevistas a jovens no início da sua formação); c) quatro entrevistas com os pais dos mesmos jovens seleccionados para as entrevistas sobre o tópico da sua profissionalização (total de 16 entrevistas a pais). Também conduziremos entrevistas biográficas a jovens já profissionalizados e integrados no mercado de trabalho, nomeadamente àqueles que representam modelos de referência para os jovens iniciantes. Oito jovens serão seleccionados para cada uma das quatro áreas de actividade analisadas (total de 32 entrevistas).
Em articulação estreita com o discurso biográfico, também exploraremos protocolos de observação directa e de gravação audiovisual: 1) no contexto da prática de aprendizagem dos jovens iniciantes; 2) em situação de desempenho profissional dos jovens já profissionalizados. Teremos assim acesso a práticas concretas difíceis de capturar através de entrevistas.
Palavras-chave: Transições juvenis; Profissionalização; Culturas juvenis; Identidades juvenis
Coordenação: Maria Manuel Vieira e Carlos B Martins (UNB).
Equipa: Ana Nunes de Almeida, Natália Alves, Vitor Sérgio Ferreira, Fernanda Sobral, Clarissa Baeta neves, Mariza Veloso, Wivian Weller, Ana Maria Nogales, Cristina Patriota de Moura, Christiane Machado Coelho
Financiamento: Projecto desenvolvido no âmbito do Convénio de Cooperação Científica e Tecnológica FCT/CAPES- 2010/2011
Objectivos: Tomando como arco temporal o período de 1985 até à actualidade, o presente projecto tem como objectivo central consolidar um dispositivo de comparação e análise sistemática de traços estruturais e de tendências de mudanças ocorridas nos sistemas de ensino superior português e brasileiro.Tendo em conta que ambos os sistemas apresentam certas tendências estruturais comuns – expansão acelerada do acesso, diversificação institucional, hierarquização social e académica das instituições e cursos, internacionalização crescente – é pertinente a comparação das dinâmicas observadas, quer a nível macro quer numa escala micro. Sem perder de vista a comparação de temas à escala nacional – nomeadamente, a expansão do sistema, a diversificação institucional, as políticas de reforma universitárias nos dois países – o foco do presente projecto incide particularmente na análise comparativa entre as Universidades de Lisboa e de Brasília por configurarem-se como instituições com densidade histórica em cada um dos países e, por se situarem em espaços homólogos – as respectivas cidades capitais – com forte centralidade cultural, científica, política e simbólica. Assim, pretende-se analisar de forma empírica os percursos dos estudantes dessas duas instituições antes, durante e depois da sua formação universitária. Ao mesmo tempo, procura-se analisar comparativamente a hierarquização académica e social dos cursos que integram ambas instituições.
O Observatório dos Percursos dos Estudantes da UL (OPEST) vem, desde meados da década de 1990, monitorizando a trajectória académica dos seus estudantes e sua inserção na vida profissional. Nesse sentido, pretende-se reunir sinergias potenciando um trabalho conjunto entre o OPEST e um Observatório similar a ser criado na Universidade de Brasília (o Observatório sobre a Vida Estudantil) visando reunir e analisar dados sobre determinados aspectos dos estudantes da Unb (trajectórias escolares, práticas culturais, estilos de vida, projectos de futuro, sistemas de valores e inserção profissional).
Coordenação:Marzia Grassi
Equipa: Jeanne Vivet; Cláudia Luena Marinho
Data: 2010
Financiamento: A Universidade de Maarstricht coordena o estudo e colabora com a Universidade College Cork, na Irlanda, o ICS da Universidade de Lisboa em Portugal e o Fafo (Institute for Applied International Studies) na Noruega.
Sumário: A migração do Sul global para o Norte global está em crescimento apesar das políticas migratórias restritivas no norte tornarem difícil para as famílias se movimentarem em conjunto. Isso faz com que as famílias vivam fisicamente separadas utilizando as suas redes locais e transnacionais para encontrar ou adaptarem novas formas para criar as suas crianças. A pouca informação que existe sobre as formas de criar crianças transnacionais baseia-se em evidências parciais ou de pequena escala que indicam que existem consequências negativas para o desenvolvimento das crianças bem como custos emocionais para elas assim como para os pais. Estes aspectos negativos podem ser compensados pelos efeitos positivos das remessas que constituem o foco da literatura e dos debates sobre migração e desenvolvimento. Apesar destas práticas estarem disseminadas entre África e Europa elas ainda não foram estudadas de forma aprofundada. As principais perguntas de investigação são: -Como é que os cuidados transnacionais às crianças afectam as oportunidades de vida daquelas que permanecem no país de origem, dos seus pais migrantes e dos seus prestadores de cuidados entre África e Europa? – Como é que os cuidados transnacionais às crianças são afectados pelas leis migratórias e pelas regras de guardas de crianças em África e como é que as escolas nos países africanos são afectadas pelos cuidados transnacionais às crianças? – Como é que os diferentes contextos dos países de origem e de recepção afectam o funcionamento e as repercussões que os cuidados transnacionais às crianças têm nos diferentes actores?Objectivos – Este programa pretende responder a estas questões através de 4 estudos de caso cruzados: Portugal- Angola; Holanda-Angola; Irlanda-Nigéria; Holanda Nigéria. Para além disso, está relacionado com um programa recentemente financiado pela NWO (Nederlands Organization for Scientific Reserach sobre TRCRAs ( transnational child raising Arrangements on life-chances of children) entre o Ghana e a Holanda. Cada estudo de caso utiliza quer métodos quantitativos quer métodos qualitativos com amostras cruzadas de cuidadores e pais migrantes bem como estudos institucionais sobre práticas legais na Europa e normas escolares e de guarda às crianças em África. Os projectos estão ligados pelo quadro teórico comum e pela metodologia de forma a consentir a comparação sempre que possível. O programa vai contribuir em três importantes áreas sócio- políticas: migração e desenvolvimento; migração e integração; políticas de reagrupamento familiar.
Palavras-Chave: Transnational families, Angola, Portugal, foster children