No âmbito da Estratégia 2020, foi definida como meta educativa para 2020 que 40% da população entre os 30 e os 34 anos possua um diploma de ensino superior.

Em Portugal, a percentagem de população entre os 30 e os 34 anos com o ensino superior tem vindo a aumentar na última década e a aproximar-se cada vez mais da meta europeia de 40%, ainda que em 2017 se tenha registado uma ligeira descida (-1,1 p.p.). Contudo, apesar do aumento da escolaridade entre a população dos 30 aos 34 anos, Portugal ainda se encontra 6,5 p.p. abaixo do objetivo traçado pela Estratégia 2020.

Em 2007, 19,5% da população entre os 30 e os 34 anos tinha o ensino superior, 10,6 p.p. inferior à percentagem EU28 de 30,1%. Desde 2012 que se tem vindo a registar um aumento contínuo e, consequentemente, a diferença em relação à média EU28 tem também vindo a atenuar-se – à exceção do último ano em que se verificou uma ligeira descida face ao ano anterior, traduzindo-se também num distanciamento face à média EU28.

População dos 30-34 anos com ensino superior, em Portugal e na EU28, 2007-2017

Uma análise longitudinal da população dos 15 aos 64 anos com ensino superior evidencia o aumento progressivo da escolaridade entre a população residente em Portugal. Na última década, a proporção de população com ensino superior aumentou 9,7 p.p. de 12% em 2007 para 21,7% em 2017. Na medida em que a proporção de população com ensino superior na EU28 tem também vindo progressivamente a aumentar, Portugal continua distante da média EU28, ainda que essa diferença tenha reduzido de 8,5 p.p. em 2007 para 6,2 p.p. em 2017.

População dos 15-64 anos com ensino superior, em Portugal e na EU28, 2007-2017

No que diz respeito aos jovens, a proporção de jovens dos 15 aos 29 anos com ensino superior tem vindo a aumentar, ainda que se tenha mantido sempre abaixo da média Eu28. Uma análise da evolução por sexo permite verificar que a proporção de mulheres com ensino superior em Portugal é mais elevada do que o registado entre os homens. Em 2017 23,9% das mulheres jovens dos 15 aos 29 anos possuíam o ensino superior, valor 11,2 p.p. superior ao registado entre os homens e 3,7% superior à média geral da EU28 (20,2%).

Jovens dos 15 os 29 anos com ensino superior, em Portugal e na EU28, 2007-2017

Quantos homens ou mulheres frequentam o ensino universitário e politécnico?

O número de alunos inscritos no ensino superior em 2017/18 ascendia a 372 753 alunos, 3% acima do número de inscritos no ano letivo anterior. No espaço de quatro décadas, o número de estudantes cresceu significativamente, passando de 81 582, em 1978, para 372 753, em 2018.  alunos.

Inscritos no ensino superior em Portugal, 1978-2018

Em termos de composição por sexo, os alunos inscritos no ensino superior no ano letivo de 2017/2018 eram maioritariamente mulheres (53,8%), à semelhança do que se verifica desde 1985/1986, ano em que a proporção de mulheres inscritas no ensino superior (50,6%) superou o número de homens (49,4%). Em 1978, por exemplo, estavam inscritas no ensino superior apenas 41,8% de mulheres. Estes dados evidenciam mutações significativas na condição feminina, particularmente  no período após 25 de Abril.

Inscritos no ensino superior em Portugal, por sexo, ano letivo 2007/2008 a 2017/2018


Natureza do estabelecimento e Subsistema de ensino


Quantos alunos frequentam o ensino superior público e privado?

No que diz respeito à natureza do estabelecimento de ensino, dos 372 753 alunos inscritos no ensino superior no ano letivo 2017/2018, a esmagadora maioria (82,8%)  estava inscrita no ensino superior público, contando o   ensino superior privado com 64 264 alunos inscritos (17,2%).

Inscritos no ensino superior por natureza do estabelecimento de ensino, ano letivo 2007/2008 a 2017/2018

O ensino superior privado perdeu nas últimas décadas a sua expressão em termos de oferta e procura de formação no ensino superior. Se no ano letivo de 1997/1998 34,8% dos alunos estava inscrito no ensino superior privado, uma década depois   essa proporção tinha caído para 24,6%, numa trajetória de retração que se prolonga até ao presente (17,2%, como referido).

Quantos alunos frequentam o ensino universitário e politécnico?

Em termos de subsistema de ensino, a maioria dos inscritos encontra-se atualmente em estabelecimentos de ensino superior universitário (241 235 alunos, ou seja, 64,7%) e mais de um terço (35,3%) está em estabelecimentos de ensino superior politécnico (131 518 alunos).


Áreas de educação e formação


Quantos estudantes frequentam o ensino superior, em agricultura, artes e humanidades, ciências, educação, engenharia, etc?

No ano letivo de 2017/2018 as áreas de formação com maior número de alunos inscritos eram as de Ciências Sociais, Comércio e Direito com 32,4%, seguido das áreas da Engenharia, Indústrias Transformadoras e Construção com 21,1% e da Saúde e Proteção Social com 15,4% de alunos inscritos. A área da Agricultura, Educação e dos Serviços são aquelas que englobam menor percentagem de alunos, respetivamente com 2,2%, 3,5% e 6,2%.

Alunos matriculados no ensino superior por área de educação e formação

Se compararmos as áreas com maior número de inscritos no ano letivo 2017/2018 com a situação observada duas décadas antes (1997/1998) verificamos que as áreas das Ciências, Matemática e Informática, Educação e Agricultura foram as que mais alunos perderam – respetivamente 29,2 p.p. (de 131385 alunos para 32019), 17,4 p.p. (de 72518 para 13084) e 8,4 p.p. (de 36761 para 8236).

Se nas Ciências, Matemática e Informática e na Agricultura tem-se verificado uma ligeira recuperação de alunos inscritos, nos últimos 5 anos, (respetivamente 0,9 p.p. e 0,3 p.p.), na área da Educação a descida é contínua, ao longo da última década.

Já as áreas de educação e formação com um maior crescimento de alunos inscritos nas últimas duas décadas foram as da Ciências Sociais, Comércio e Direito, da Engenharia, Indústrias Transformadoras e Construção e da Saúde e Proteção Social, respetivamente com uma taxa de crescimento de 23,3%, de 18,3% e de 8,5% alunos face ao ano letivo de 1997/1998.

Alunos matriculados no ensino superior por área de educação e formação, por sexo, ano letivo 2017/2018

Em termos de composição por sexo, no ano letivo de 2017/2018 era nas áreas da Educação (78,8%), da Saúde e Proteção Social (76,9%) e das Ciências Sociais, Comércio e Direito (60,0%) que se concentram a maior proporção de mulheres inscritas. Por sua vez, as áreas da Engenharia, Indústrias Transformadores e Construção (72,3%), dos Serviços (57,5%) e das Ciências, Matemática e Informática (56,7%) destacavam-se pela maior proporção de homens inscritos.


Nível de formação


Quantos estudantes frequentam a licenciatura, o mestrado ou o doutoramento?

No que diz respeito ao nível de formação, em 2017/18, 77,9% dos alunos estavam inscritos em cursos de formação inicial (58,1% em licenciaturas do 1º ciclo, 16,4% em mestrados integrados e 3,4% em cursos técnicos superiores profissionais). No 2º ciclo do ensino superior estavam inscritos 15,7% dos alunos e no 3º ciclo, ou seja, em cursos de doutoramento estavam inscritos 5,5% do total dos matriculados no ensino superior.

Alunos matriculados no ensino superior, por nível de formação

Este panorama contrasta com a distribuição dos alunos por nível de formação há apenas 20 anos, quando a proporção de alunos inscritos em Licenciatura ascendia a 69,4%.  A mudança entretanto ocorrida é fortemente tributária da   reforma da Lei de Bases do Sistema Educativo e da implementação do Processo de Bolonha. Introduzido em 2006 e totalmente implementado a partir do ano letivo de 2009/2010, o processo de Bolonha associa-se à diminuição da proporção de alunos inscritos no 1º ciclo do ensino superior que, doravante mais reduzido em duração, parece ter perdido parte do seu valor no mercado de trabalho.

Apenas no último ano letivo de 2017/2018 se registou um ligeiro aumento dos alunos inscritos no 1º ciclo do ensino superior, com mais 5 508 alunos. 

A nova estrutura do ensino superior composto por três ciclos de estudos conducentes aos graus académicos de licenciado, mestre e doutor, traduziu-se, pois,  numa maior oferta e procura dos graus se ensino mais elevados – mestrado e doutoramento – nos últimos anos, ainda que, a par do que se verificou com o 1º ciclo (licenciatura), se tenha registado algumas oscilações no período da crise. Apesar destas oscilações, uma análise longitudinal dos alunos inscritos no 2º e 3º ciclo de ensino do ensino superior, evidencia que, face ao ano letivo de 1997/1998, a proporção de alunos inscritos em mestrado aumentou 13,6 p.p. nos últimos 20 anos (representavam 2,1% em 1997/1998) e 8,5 p.p. face à última década (constituíam 7,2% em 2007/2008). Registou-se também um aumento do número de alunos inscritos em doutoramento, com uma subida de 4,8 p.p. nos últimos 20 anos (a sua proporção era de apenas 0,7% em 1997/1998 e 5,5% em 2017/2018) e de 2,5 p.p. face à última década (ascendiam a 3% em 2007/2008).

Quantos homens ou mulheres concluem o ensino universitário e politécnico?

No ano letivo de 2017/2018 foram emitidos 77 034 diplomas no ensino superior, sendo na sua maioria atribuídos a mulheres (57,9%), em linha com a proporção mais elevada de mulheres neste nível de ensino.

A maioria dos diplomas foram emitidos no ensino superior universitário (66,6% face a 33,4% do ensino superior politécnico) e dizem respeito a diplomas de licenciatura (61,4%), mestrado (20,8%), mestrado integrado (10,9%), curso de técnico superior profissional (4,2%) e doutoramento (2,8%).

No ano letivo de 2017/2018 as áreas que registaram maior número de diplomados foram as áreas de Ciências Sociais, Comércio e Direito (30,3%), Engenharia, Indústrias Transformadoras e Construção (20,9%) e Saúde e Proteção Social (17,4%).

A taxa de emprego dos recém-diplomados, entre os 20 e os 34 anos era de 80,7% em 2017, 0,5 p.p. superior à média EU28. Contudo, só em 2015 é que Portugal registou uma recuperação da taxa de emprego dos recém-licenciados que, durante o período da crise, se manteve abaixo da média europeia – em 2013 a taxa era de 75,4% na EU28 e de 67,8% em Portugal.

Desempregados registados nos centros de emprego com ensino superior no mês de dezembro, 2007-2017

 

O impacto da crise económica na empregabilidade dos jovens com ensino superior fez-se também sentir ao nível do desemprego.

 

Taxa de desemprego jovem (15-29 anos) com Ensino superior, 2002-2017

Na última década, em resultado da crise económica que assolou a Europa e particularmente Portugal, o mercado de trabalho ficou marcado por um aumento da taxa de desemprego, que atingiu em Portugal os 16,4% em 2013, 7,3 p.p. superior ao valor registado em 2007. O desemprego incidiu particularmente entre os jovens (15-29 anos), atingindo os 27,8% em 2012 e os 28,9% em 2013. Ainda que em 2017 o seu valor, neste grupo etário, tenha descido para 16,7%, esta taxa mantem-se elevada, sendo 7,8 p.p. superior à taxa verificada no total da população, fixada em 8,9%.

Contudo, o nível de escolaridade é um fator diferenciador na análise dos níveis de desemprego jovem, sendo que, quanto mais elevado é o nível de escolaridade, mais baixa tende a ser a taxa de desemprego. Apesar de o desemprego ser mais elevado entre os jovens com baixos níveis de qualificação (ISCED 0-2), onde atinge os 20,5% em 2017, entre os jovens com formação superior atinge, ainda assim, os 13,4%, 4,9 p.p. superior à média EU28.

Dados da última edição da “Educação em Revista” da OECD (2018) evidenciam que Portugal é um dos países europeus em que possuir o ensino superior mais compensa, em termos de remuneração. Com efeito, os trabalhadores que concluíram o ensino superior auferiam uma remuneração 69% superior aos trabalhadores que tinham concluído apenas o ensino secundário.

É entre os países cuja população tende a ter níveis de escolaridade mais baixos que as diferenças remuneratórias entre trabalhadores, em função do diploma obtido, são mais elevadas; por seu turno, verifica-se que entre os países mais escolarizados tende a existir uma maior igualdade remuneratória.

Remuneração dos trabalhadores por nível de escolaridade (2016)

Ensino Superior

Nível de ensino que compreende os ensinos universitário e politécnico, aos quais têm acesso indivíduos habilitados com um curso secundário ou equivalente e indivíduos maiores de 23 anos que, não possuindo a referida habilitação, revelem qualificação para a sua frequência através de prestação de provas.

Ensino Superior Público

Ensino ministrado em estabelecimento de ensino superior tutelado pelo Estado, e que abrange os ensinos universitário e politécnico. A tutela do Estado pode ser compartilhada por mais do que um Ministério possuindo assim o estabelecimento dupla tutela.

Ensino Superior Particular e Cooperativo

Definição    Ensino ministrado em estabelecimentos de ensino superior instituídos por pessoas coletivas de direito privado. Rege-se por lei e estatuto próprios, podendo seguir os planos curriculares e os conteúdos programáticos do ensino a cargo do Estado ou adotar planos e programas próprios, desde que se enquadrem nos princípios gerais, finalidades, estruturas e objetivos do sistema educativo.

Ensino Superior Universitário
Ensino ministrado em universidades e em escolas universitárias não integradas, que visa assegurar uma preparação científica e cultural e proporcionar uma formação técnica que habilite para o exercício de atividades profissionais e culturais, e fomente o desenvolvimento das capacidades de conceção, de inovação e de análise crítica.

Ensino Superior Politécnico
Ensino que visa proporcionar uma formação cultural e técnica de nível superior, desenvolver a capacidade de inovação e de análise crítica e ministrar conhecimentos científicos de índole teórica e prática e as suas aplicações com vista ao exercício de atividades profissionais. É ministrado em institutos politécnicos e, nas áreas definidas por lei, em escolas politécnicas não integradas, de natureza especializada.

Grau académico
Título académico que atesta a posse de uma determinada habilitação académica de nível superior. Aos indivíduos que tenham concluído, respetivamente, um curso de bacharelato, de licenciatura, de mestrado ou de doutoramento são conferidos, respetivamente, os graus de bacharel, de licenciado, de mestre e de doutor.

Diploma
Documento oficial comprovativo da atribuição de um nível, de um grau académico ou da conclusão de um curso não conferente de grau emitido por um estabelecimento de ensino.

Licenciatura
Curso ministrado por uma instituição de ensino superior, conducente ao grau de licenciado e comprovativo de uma formação científica, técnica e cultural que permite o aprofundamento de conhecimentos numa determinada área do saber e um adequado desempenho profissional.

Mestrado Integrado
Ciclo de estudos integrado conducente ao grau de mestre, ministrado no ensino superior universitário, com 300 a 360 créditos e uma duração normal compreendida entre 10 e 12 semestres curriculares de trabalho, nos casos em que, para o acesso ao exercício de uma determinada atividade profissional essa duração seja fixada por normas legais da União Europeia e resulte de uma prática estável e consolidada na União Europeia. O acesso e ingresso rege-se pelas normas aplicáveis ao acesso e ingresso no ciclo de estudos conducente ao grau de licenciado. É conferido o grau de licenciado aos que tenham realizado os 180 créditos correspondentes aos primeiros seis semestres curriculares e deve adotar uma denominação que não se confunda com a do grau de mestre.

Mestrado
Curso que comprova nível aprofundado de conhecimento numa área científica restrita e capacidade científica para a prática de investigação, e que conduz ao grau de mestre.

Doutoramento
Processo conducente ao grau de doutor numa instituição de ensino superior universitário no âmbito de um ramo de conhecimento ou de especialidade. Integra: a elaboração de uma tese original e especialmente elaborada para este fim, adequada à natureza do ramo de conhecimento ou da especialidade; a eventual realização de unidades curriculares dirigidas à formação para a investigação, sempre que as respetivas normas regulamentares o prevejam.

Curso técnico superior profissional – CTeSP
É um ciclo de estudos superior não conferente de grau académico, criado em 2014. Tem a duração de dois anos e a sua conclusão com aproveitamento conduz à atribuição do diploma de técnico superior profissional.

Fonte: Metainformação INE, 2018