Os estilos de vida podem ter um impacto muito direto na saúde física e mental dos jovens e alguns comportamentos ou hábitos menos saudáveis podem ser determinantes da sua saúde. Em seguida iremos nos centrar sobretudo em dois comportamentos relacionados com os estilos de vida cujos efeitos potenciais na saúde são conhecidos: a não adoção de hábitos alimentares saudáveis, por um lado, o que aumenta a probabilidade de sofrer de obesidade; e adoção de comportamentos de risco, nomeadamente o consumo de drogas licitas e ilícitas, por outro.

Qual a percentagem de jovens com excesso de peso segundo o índice de massa corporal (IMC)?

Nos últimos anos, em resultado de estilos de vida mais sedentários, de uma alimentação menos cuidada e equilibrada, e uma reduzida prática de atividade física, a população está sujeita a um maior risco de sofrer de obesidade, problema que cada vez mais afeta crianças e jovens. O Programa Nacional de Combate à Obesidade inclui um conjunto de medidas de prevenção da obesidade infantil e juvenil e controlo de peso, tais como a promoção de um estilo de vida baseado numa alimentação saudável e atividade física regular.

Incidência de obesidade, por grupo etário, Portugal e EU27, 2017 (%)

Tendo como referência o índice de massa corporal (IMC), em 2017, na União Europeia, 4,3% dos jovens com idades compreendidas entre os 16 e os 24 anos foram classificados como obesos. Verifica-se um aumento significativo com a idade – o IMC é 5 p.p. superior entre os jovens adultos (25-34 anos), atingindo os 9,4%. A incidência de obesidade é ainda mais elevada entre a população adulta, com mais de 16 anos, com um IMC de 14,7%. Portugal regista um padrão idêntico, com a incidência de obesidade a aumentar com a idade, sendo também superior entre os jovens adultos, dos 25 aos 34 anos (9,3%) e entre a população adulta (15,4%), valor ligeiramente superior ao registado na EU (0,7 p.p.)

Incidência da obesidade, por grupo etário e sexo, Portugal e EU27, 2017
(% de jovens homens/mulheres jovens)

Uma análise comparativa da incidência da obesidade por sexo, entre Portugal e UE, permite verificar a existência de diferenças significativas. Em Portugal, a percentagem de homens jovens obesos é superior à das suas congéneres, tanto entre os mais jovens (dos 16 aos 24 anos – 4,6%, mais 0,7 p.p. que entre as mulheres do mesmo grupo etário), como entre os jovens adultos (dos 25 aos 34 anos – 9,9%, mais 0,9 p.p. que entre as mulheres do mesmo grupo etário).

Por seu turno, entre os adultos, tanto em Portugal como na EU, a incidência de obesidade é superior entre as mulheres, com uma diferença mais acentuada em Portugal, 10,9 p.p. – 4,8% entre os homens e 15,7% entre as mulheres.

No âmbito da Estratégia da EU de luta contra a droga (2013-2020), a Comissão Europeia delineou um plano que pretende, não só diminuir a procura e a oferta de drogas, mas também reduzir os riscos sanitários e sociais e os danos causados pelas mesmas. Este propósito foi recentemente renovado pelo lançamento Agenda e Plano de Ação da UE de Luta contra a Droga (2021-2025), no âmbito da Estratégia para a União da Segurança, sublinhando a importância do combate ao consumo e tráfico ilícitos de droga.

O consumo de drogas tem consequências graves e complexas em termos de saúde, especialmente entre os jovens, afetando o seu desenvolvimento físico e mental. Além disso, a toxicodependência tem elevados custos humanos e sociais, nomeadamente ao nível da saúde publica e de segurança. O impacto de consumo prolongado de drogas na saúde física e mental dos jovens é ainda mais preocupante se se tratar de drogas ilícitas ou substâncias psicoativas.

De acordo com os dados do Observatório Europeu da Droga e da Toxicodependência (EMCDDA), que monitoriza alguns dos principais indicadores sobre drogas e adições, a canábis é uma das drogas ilícitas mais comumente utilizadas na Europa, com particular incidência entre os jovens dos 15 aos 24 anos.

Dados relativos a Portugal demonstram, efetivamente, que em 2016, a canábis era a droga ilícita mais consumida, tanto entre a população geral (5,1%), como entre os jovens (8%), sobretudo entre os homens. O consumo de outras drogas, como a cocaína, as anfetaminas, o ecstasy ou LSD, revelou ser residual.

Prevalência do uso de drogas ilícitas, por tipo de droga, Portugal, 2016

Dados do Observatório Europeu da Droga e da Toxicodependência (EMCDDA) permitem-nos ainda analisar o consumo de drogas licitas, particularmente o álcool e o tabaco.

O álcool é uma substância psicoativa, cujo consumo persistente e elevado pode causar problemas de saúde e dependência, sendo os jovens particularmente vulneráveis pela importância que o consumo de álcool, entre pares, assume nas interações e sociabilidades.

Dados relativos a 2016 mostram que a maioria dos jovens consumiram álcool no ano anterior (51,6%), registando-se um maior consumo entre os jovens adultos (53,6%).

Em geral, são os homens jovens que tendem a ter mais probabilidades de consumir álcool do que as mulheres jovens.

Prevalência do uso de drogas lícitas, por tipo de droga, Portugal, 2016