Quantos anos, em média, pode uma pessoa esperar viver desde o seu nascimento?

Em 2019, a esperança de vida à nascença em Portugal era de 81,9 anos, 0,6 p.p. superior à registada na UE27 com 81,3 anos. Na última década registou-se um aumento de 2,2 anos na esperança média de vida à nascença, face aos 79,7 que se verificavam em 2009. Um aumento superior ao registado na UE27, onde, no período de 10 anos, foi de 1,8 anos.

Um recuo de cerca de 50 anos permite-nos verificar que, nas últimas décadas, o aumento da esperança média de vida à nascença foi progressivo e significativo. Em 1969, por exemplo, era de 66 anos, ou seja, menos 15,9 que a esperança média de vida atualmente em Portugal. Foi precisamente entre 1969 e 1979 que se registou o maior aumento verificado até hoje, considerando o período temporal de uma década – mais 5,3 anos. Surgindo num contexto de grandes mudanças políticas e sociais, nomeadamente de regime político, este aumento progressivo da esperança média de vida resulta, também, de um contínuo decréscimo das taxas de mortalidade em todos os grupos etários, bem como uma melhoria global das condições e estilos de vida, melhores acessos aos serviços de saúde e de educação, acompanhados por uma evolução económica favorável.

Esperança de vida à nascença, Portugal e UE27, 2009-2019 (anos)

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Uma análise longitudinal da evolução da esperança média de vida à nascença, por sexo, permite-nos verificar que, na última década, esta é consistentemente maior entre as mulheres, tanto em Portugal como na UE27. Em 2009, a esperança média de vida à nascença entre os homens, era de 76,4 na UE27 e 76,5 em Portugal, respetivamente menos 6,2 e 6,3 anos de vida em comparação às mulheres. Diferença que tem sofrido poucas oscilações na última década, sendo atualmente de 5,5 anos na UE27 e 6,1 anos em Portugal.

Esperança de vida à nascença, por sexo, Portugal e UE27, 2009-2019 (anos)

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Quantas mortes há por cada 100.000 habitantes? 

O aumento progressivo da esperança média de vida à nascença tem sido acompanhado pelo progressivo decréscimo das taxas de mortalidade geral e infantil. Uma combinação de fatores tem contribuído para este decréscimo, entre os quais se destacam a melhoria das condições de vida, a modernização da medicina e uma melhor acessibilidade aos cuidados de saúde (o Serviço Nacional de Saúde, recorde-se, é criado em Portugal em 1979), condições e segurança no trabalho acrescidas, maior segurança nas infraestruturas de transportes rodoviários, entre outros, com impacto, também, no aumento da esperança média de vida à nascença.

Uma análise longitudinal das taxas brutas de mortalidade na UE27 e em Portugal, tendo como referência a última década (2009-2019), permite precisamente verificar que as taxas de mortalidade foram mais elevadas entre a população geral, decorrente do facto de que, tendencialmente, o número de mortes aumenta com a idade. Entre os jovens, são mais elevadas nos jovens adultos, dos 25 aos 34 anos.

Taxas brutas de mortalidade, Portugal e UE27, 2009-2019
(número de óbitos por 100 000 habitantes)

Em 2019 a taxa bruta de mortalidade na UE27 e em Portugal era de 1041 e 1087,8 por 100 000 habitantes, respetivamente. Uma análise longitudinal permite verificar que, tanto na UE27 como em Portugal, a taxa bruta de mortalidade seguiu uma trajetória ascendente significativa, com uma taxa de crescimento de 5,5% e 10%, respetivamente.

Em contraste, as taxas brutas de mortalidade entre os jovens, tanto na UE27 como em Portugal, na última década seguiu uma trajetória descendente, mais significativa entre os mais novos, dos 15 aos 24 anos, com um decréscimo de 36% e 35,5%, respetivamente. Entre os jovens adultos, verificou-se também um decréscimo, ainda que mais acentuado em Portugal, com uma taxa de crescimento negativa de 25% face aos 18,4% registados na UE27.

Em termos absolutos, morreram em Portugal em 2019 297 jovens dos 15 aos 24 anos e 552 jovens dos 25 aos 34 anos, o que corresponde a uma taxa bruta de mortalidade de 27,2 e 49,2 mortes por 100 000 habitantes, respetivamente. Por sua vez, na UE27, morreram 13 106 jovens dos 15 aos 24 anos e 28 463 jovens dos 25 aos 34 anos, o que corresponde a uma taxa bruta de mortalidade de 27,7 e 51,4 por 100 000 habitantes.

Uma análise da taxa bruta de mortalidade por sexo permite verificar que, tanto na UE27 como em Portugal, e em todos os grupos etários, esta é sempre mais elevada entre os homens. É entre os jovens adultos, dos 25 aos 34 anos que essa diferença é mais significativa, com uma taxa bruta de mortalidade na UE27 e em Portugal de 73,1 e 67,7 mortes de homens jovens entre 100 000 habitantes, 44,1 p.p. e 36,7 p.p. mais elevado que o verificado entre as mulheres jovens, respetivamente.  

Taxas brutas de mortalidade, por grupo etário e sexo, Portugal e UE-27, 2019
(número de óbitos por 100 000 pessoas)

Quantas crianças morrem com menos de um ano de idade para cada 100 000 nascimentos?

Em conjunto com os fatores já mencionados, que em muito contribuíram para a descida da taxa bruta de mortalidade, os avanços nos cuidados de saúde pré e pós-natal levaram a uma redução significativa da mortalidade infantil nos últimos 60 anos.

Efetivamente, entre 1961 e 2019, tanto na EU27 como em Portugal a taxa de mortalidade infantil diminuiu 91,1% e 96,8%, respetivamente. Esta descida foi consistente ao longo dos anos, mas só em 1992, tanto na UE27 como em Portugal, a taxa de mortalidade infantil registou um valor abaixo dos 10 óbitos por cada 1 000 nados-vivos – 9,7 e 9,2 respetivamente. O ano de 1992 assinala também o ano em que Portugal passou a registar consistentemente taxas de mortalidade infantil inferiores às da UE27.

Em 2019, morreram em Portugal 246 crianças antes de atingirem um ano de idade, correspondendo a uma taxa de mortalidade infantil de 2,8 óbitos por nados-vivos, 0,6 p.p. inferior ao registado na UE27 (3,4 óbitos) e muito longe das 16 576 crianças que, em 1961, morreram antes de atingirem um ano de idade.

Taxa de mortalidade infantil, Portugal e UE-27,1960-2019
(número de óbitos por 1 000 nados-vivos)

Uma análise da evolução da taxa de mortalidade nos últimos 50 nos Estados-membros da União Europeia permite concluir que todos registam hoje taxas de mortalidade infantil significativamente mais baixas às verificadas nas décadas anteriores. Ainda assim, alguns países viram na última década aumentar as taxas de mortalidade infantil: tal é o caso do Luxemburgo, com uma taxa de crescimento de 88% (passando de 2,5 em 2009 para 4,7 óbitos por nados-vivos em 2019). Mais três países registaram subidas, nomeadamente, Malta (21,8% de 5,5 para 6,7 óbitos por nados-vivos), Grécia (19,4% de 3,1 para 3,7 óbitos por nados-vivos) e a Bélgica (5,7% de 3,5 para 3,7 óbitos por nados-vivos).

De entre todos os países membros, as maiores quedas face aos valores registados em 1969 aconteceram em Portugal (95% de 55,8 para 2,8 óbitos por 1 000 nados vivos), em Itália (92,2% de 30,8 para 2,4 óbitos por nados-vivos) e a Eslovénia (91,7% de 25,4 para 2,1 óbitos por nados-vivos).

Em 2019, a Estónia era o país onde a taxa de mortalidade infantil era mais baixa (1,6 óbitos por 1 000 nados-vivos), seguido da Finlândia, da Suécia, da Eslovénia e da Estónia (2,1 óbitos por 1 000 nados-vivos).

Em contraste, Malta, Roménia e Bulgária exibiam taxas de mortalidade infantil mais elevadas, com 6,7, 5,8 e 5,6 óbitos por nados-vivos, respetivamente.

Taxa de mortalidade infantil na UE27, 1969, 1989, 2009 e 2019
(número de óbitos por 1 000 nados-vivos)

Quais são as principais causas de morte entre os jovens?

Nota: na medida em que não se encontram disponíveis dados sobre as causas de morte na UE27 desde 2016, a análise que se segue tem como referência esse ano, para permitir uma análise comparativa com os dados de Portugal.

As causas de morte variam consoante os grupos etários. Entre a população adulta existe uma maior prevalência de doenças como o cancro (tumores-neoplasmas-malignos – 25,5%), doenças cardiovasculares (29,3%) e respiratórias (11,7%) como causas de morte. Já entre os jovens, os fatores externos são a principal causa de morte (51,3% dos 15 aos 24 anos e 39,9% dos 25 aos 34 anos), seguido dos tumores (neoplasmas) malignos (16,1% dos 15 aos 24 anos e 29,1% dos 25 aos 34 anos).

Causas de morte, por grupo etário, Portugal e UE27, 2016 (%)

A percentagem expressiva de elementos externos como causa de morte entre os jovens requer uma análise mais fina da sua tipologia. Tanto na UE27 como em Portugal, a maioria dos jovens morre em resultado de “acidentes de transportes” ou por “suicídio e lesões autoprovocadas voluntariamente”.

Existem diferenças significativas entre grupos etários e por sexo. Entre os mais jovens, dos 15 aos 24 anos, a maioria das mortes por causas externas ocorre em resultado de “acidentes de transportes”, com uma incidência ligeiramente superior na UE27 (24,6%, mais 1,5 p.p. que em Portugal). A maioria das mortes ocorre entre os homens jovens (26,7% na UE27 e 25,5% em Portugal, respetivamente 7,7 p.p. e 8,1 p.p. superior ao registado entre as mulheres jovens). Entre os jovens adultos, dos 25 aos 34 anos, é também expressiva a morte por “suicídios e lesões auto provocadas voluntariamente”, sobretudo na UE27, em que ultrapassa a percentagem de mortes decorrentes de “acidentes de transportes” (16,9%, mais 4,6 p.p.), sendo mais expressiva entre os homens jovens (19,2%, mais 8,2 p.p. que entre as mulheres). Em Portugal, a percentagem de mortes por automutilação intencional só ultrapassa a percentagem de morte por “acidente em transporte” entre as jovens adultas (1,5 p.p. superior – 8,3%).  

Causas externas de morte, por grupos etários e sexo, UE27 e Portugal, 2016 (%)

Embora com percentagens mais residuais, é de salientar ainda a expressão entre os jovens de outras causas externas de morte. Na UE27, os “outros acidentes” (4,2% entre os jovens dos 15 aos 24 anos e 4% entre os jovens adultos), o “afogamento e submersão acidental” (2,6% entre os jovens dos 15 aos 24 anos e 1,4% entre os jovens adultos, em ambos com maior incidência entre os homens jovens), o “envenenamento (intoxicação) acidental por drogas, medicamentos e substâncias biológicas” (com maior incidência entre os jovens adultos – 4,4% e, em ambos os grupos etários, mais expressiva entre os homens jovens), as “lesões em que se ignora se foram acidental ou intencionalmente infligidas” (2,6% em ambos os grupos etários e também com maior incidência entre os homens jovens), as “quedas” (1,8% em ambos os grupos etários) e o “assalto” (1,5% entre os jovens dos 15 aos 24 anos e 1,6% entre os jovens adultos), assumem alguma relevância, se se comparar com o total da população. .

Em Portugal, são os “outros acidentes” (com maior expressividade entre os mais jovens – 4,8%, e os homens jovens), as “lesões em que se ignora se foram acidentais ou intencionalmente infligidas” (4,5% entre os jovens dos 15 aos 24 anos e 4% entre os jovens adultos) e o “assalto” (2,6% entre os mais jovens e 2,5% entre os jovens adultos, em ambos significativamente mais expressivo entre os homens jovens) que apresentam alguma expressão

Acidentes em transportes

A incidência elevada de mortes resultantes de acidentes em transportes entre os jovens justifica uma análise longitudinal da sua evolução.

No que diz respeito a Portugal, para o qual estão disponíveis dados entre 1997 e 2017, é possível verificar que nas últimas duas décadas (1997-2017) a incidência de mortes por acidentes em transportes reduziu 83,4% entre os mais jovens e 80,4% entre os jovens adultos, uma descida mais acentuada que a   verificada entre a população adulta (apenas 61,1%).

 Mortes causadas por acidentes em transportes, por grupo etário, Portugal, 1997-2017 (número de óbitos)

Na UE27, onde só estão disponíveis dados entre 1999 e 2016, é possível verificar que, nesse período e ao invés de Portugal, a descida foi mais acentuada entre os jovens adultos (-90,7%) do que entre os mais jovens (-64,9%). Também aqui o decréscimo foi maior entre a população jovem, já que entre a restante população ela foi menor (-47,5%).

Mortes causadas por acidentes em transportes, por grupo etário, UE27, 1999-2016 (número de óbitos)

Uma análise por sexo das taxas brutas de mortalidade por acidentes de transportes permite constatar uma maior incidência de mortes entre os homens. Tanto na UE27, como em Portugal, as diferenças entre sexos atenuaram de 2006 para 2016, tendo essa descida sido mais acentuada em Portugal.Em 2006, na UE27 a proporção de mortes entre os homens dos 15 aos24 anos e entre os homens dos 25 aos34 anos era, respetivamente, 9,7 p.p. e 12,1 p.p. superior ao registado entre as mulheres. Em 2016, esta diferença reduzia-se: , 7,6 p.p. nos mais jovens e 7,1 p.p. nos jovens adultos.

Em Portugal, a diferença entre homens e mulheres era bastante  mais acentuada em 2006, nos mais jovens (13,2 p.p.) e, sobretudo, entre os jovens adultos (39,7 p.p.). Dez anos depois, essa distância tinha-se reduzido substancialmente:  8,1 p.p. e 9,7 p.p., respeitvamente.

Taxas brutas de mortalidade por acidentes em transportes, por grupo etário e sexo, Portugal e UE27, 2006 e 2016
(número de óbitos por 100 000 habitantes)

Autodanos intencionais

A morte por autodanos intencionais é a segunda maior causa de morte provocada por danos externos, particularmente entre os jovens adultos (25 aos 34 anos). Uma análise longitudinal dos dados permite-nos verificar que, em Portugal, no período entre 1997 e 2017, as mortes por autodanos naquele grupo etário atingiram proporções particularmente elevadas entre 2001 e 2005.

Mortes causadas por autodanos intencionais, por faixa etária, Portugal, 1997-2017
(número de óbitos)

À semelhança do padrão de mortes por acidentes em transportes, também nas mortes por este tipo de causa prevalecem entre os homens, e os jovens adultos.

Taxas brutas de mortalidade por autodanos intencionais, por grupo etário e por sexo, UE-27 e Portugal, 2006 e 2016
(número de óbitos por 100 000 habitantes)