O PISA – Programa Internacional de Avaliação de Alunos (Programme for International Student Assessment) é um estudo internacional desenvolvido desde 2000 pela OCDE que tem como objetivo traçar o retrato dos sistemas educativos de todos os países participantes.

O PISA avalia a literacia dos jovens de 15 anos[1] que estejam a frequentar entre o 7º e o 12º ano de escolaridade, em todas as modalidades de educação e formação, através de um teste cognitivo que é aplicado com uma periodicidade trianual.

Estrutura de implementação do PISA

Em cada ciclo são avaliados três domínios – matemática, leitura e ciências – sendo que em cada ciclo é privilegiado um domínio diferente. Mais recentemente, em 2015, foi introduzido um novo domínio, passando também a ser avaliada a Resolução Colaborativa de Problemas.

Como funciona?

Os conteúdos que compõem o teste cognitivo nos diferentes domínios é elaborado de acordo com um Quadro de Referência comum a todos os países da OCDE que participam no PISA.

Em cada país e em cada ciclo, os alunos de 15 anos que realizam a prova são selecionados através de um processo de amostragem que decorre em duas fases. Numa primeira fase, através de um processo de amostragem aleatório estratificado é selecionado um conjunto de escolas. Posteriormente, nas escolas selecionadas são identificados todos os alunos que, de acordo com os critérios do PISA (ter 15 anos e frequentarem pelo menos o 7º ano de escolaridade), são elegíveis, entre os quais são selecionados aleatoriamente um grupo de 40 alunos em cada escola.

Paralelamente à prova cognitiva são também recolhidas informações sobre os alunos, os pais e as escolas por forma a permitir contextualizar o desempenho dos alunos e identificar eventuais fatores que possam influenciar o seu percurso escolar.

PISA – Measuring student success around the world

Vídeo produzido pela OCDE que resume as principais características do projeto PISA
Fonte: OCDE, 2017

[1] Idade em que, na maioria dos países participantes, os alunos se encontram no percurso final da escolaridade obrigatória.

 

A amostra

No PISA 2015, participaram 72 países e economias de todo o mundo, entre os quais 35 países que integram a OCDE.

Países e Economias Participantes no PISA, 2015

No conjunto de países participantes estiveram envolvidas 17 565 escolas, nas quais foram selecionados 509 000 alunos. Foram ainda recolhidas informações sobre 95 000 professores e 143 000 encarregados de educação.

PISA 2015 – Amostra Internacional

Em média participaram por país 247 escolas e 7 070 alunos. O Brasil teve a amostra com maior dimensão – com a participação de 23 141 alunos e a Islândia com a amostra de menor dimensão com a participação de 3 374 alunos.

Em Portugal, em 2015 foram selecionados para participar na 6ª edição do PISA 7 325 alunos para realizar o teste cognitivo, entre 246 escolas, na sua maioria agrupamentos de escolas/escolas não agrupadas públicas (90,2%).

Foram ainda recolhidas informações sobre 6 881 encarregados de educação e 4 228 professores, na sua maioria mulheres (72%) e com uma idade média de 46,7 anos.

PISA 2015 – Amostra Portugal

Em termos de distribuição territorial, os agrupamentos de escolas/escolas não agrupadas eram provenientes maioritariamente da Região Autónoma dos Açores devido a uma sobre amostragem, com a participação de 47 escolas e 1 500 alunos. Os restantes agrupamentos de escolas/escolas não agrupadas eram provenientes sobretudo da Área Metropolitana de Lisboa (18%) e da Área Metropolitana do Porto (13%).

Distribuição geográfica das escolas participantes no PISA 2015, por NUTS III

Os resultados – evolução

Portugal participa no PISA desde a 1ª edição em 2000, ano em que, no conjunto dos 43 países participantes, Portugal ficou posicionado estatisticamente abaixo da média da OCDE, ocupando, entre os países participantes, a 30ª posição na literacia de leitura, a 32ª posição na literacia científica e em 27º em literacia matemática, respetivamente com 470 pontos, 459 pontos e 454 pontos.

Resultados de Portugal nos vários ciclos PISA nos três domínios avaliados, 2000-2015

Desde então Portugal tem vindo sempre a progredir nos 3 domínios do teste PISA, registando entre 2000 e 2015, em termos médios, um aumento anual de 2,8 pontos/ano na literacia científica, uma evolução média de 1,8 pontos/ano na leitura e de 2,6 pontos/ano na matemática entre 2000 e 2015.

No PISA 2015 entre o conjunto de 35 países que integram a OCDE na edição desse ano; Portugal ficou no 17º lugar a Ciências com 501 pontos, em 18º lugar em leitura com 498 pontos e em 22º lugar a Matemática com 492 pontos, tendo ficado posicionado acima da OCDE em todos os domínios.

 

Literacia científica 

A literacia científica foi o principal domínio do PISA em 2015, sendo que Portugal alcançou a posição 17º do conjunto de países da OCDE participantes, com 501 pontos, o que colocou Portugal pela primeira vez desde o início do PISA acima da média da OCDE (493 pontos). No total dos países participantes Portugal ficou classificado na 23ª posição.

No espaço europeu, Estónia (534 pontos) e Finlândia (531 pontos) foram os países com melhores resultados, tendo Portugal ocupado o 10º lugar, atingindo assim valores superiores a França (495 pontos), Suécia (493 pontos) e Espanha (493 pontos).

De salientar ainda que, a nível internacional, no conjunto dos 10 países com melhores desempenhos na avaliação da literacia científica, sete são asiáticos.

Distribuição geográfica dos resultados do PISA no domínio da ciência, 2015

Uma análise longitudinal permite verificar um crescimento positivo nos resultados no domínio das ciências, tendo-se verificado um aumento médio anual de 2,8 pontos/ano, enquanto que a média OCDE tem seguido a tendência contrária com um decréscimo anual de -0,2 pontos/ano.

Literacia científica – evolução entre 2000 e 2015, Portugal e OCDE

Se tivermos como referência os anos em que as ciências foram o domínio principal (2006 e 2015), é possível verificar um aumento de 27 pontos entre os dois períodos (2006-474 pontos; 2015-501 pontos).

Uma análise dos resultados por género permite verificar que em 55,6% dos países participantes são os rapazes que registam melhores resultados, sendo Portugal um deles – onde os rapazes, registaram, em média, uma pontuação superior em 10 pontos à das raparigas.

Resultados Médios em Ciências, por Género, 2015

A metodologia de amostragem do PISA é desenhada com o objetivo de fazer uma comparação internacional entre países, pelo que as escolas e alunos que compõem a amostra portuguesa não tinham a finalidade de assegurar uma representação por NUTS III. Não obstante, os dados disponíveis permitem traçar algumas tendências por unidade territorial.

Sendo assim, os resultados nas 25 unidades territoriais evidenciam que, apesar de em 12 unidades territoriais se observarem resultados superiores à média nacional, em apenas 6 dessas unidades territoriais essa diferença é estatisticamente significativa – Alentejo Litoral (536 pontos); Lezíria do Tejo (522 pontos); Beira Baixa (519 pontos); Região de Leiria (519 pontos); Viseu Dão Lafões (515 pontos) e Área Metropolitana de Lisboa (508 pontos).

Resultados de literacia científica, por NUTS III, 2015

 

Foram também 6 as unidades territoriais com resultados inferiores à média nacional, com uma diferença estatisticamente significativa – Cávado (487 pontos); Algarve (485 pontos); Baixo Alentejo (470 pontos); Região Autónoma dos Açores (470 pontos); Terras de Trás-os-Montes (465 pontos) e Tâmega e Sousa (460 pontos).

Uma análise dos resultados do PISA no domínio das ciências por natureza administrativa da escola, permite verificar que os alunos que frequentam escolas privadas registam melhores desempenhos médios do que os alunos dos estabelecimentos de ensino público, com uma pontuação 45 pontos superior à média nacional.

Distribuição dos Resultados Nacionais em Ciências, por Natureza Administrativa da Escola, 2015

Literacia de leitura

No domínio da literacia de leitura, em 2015 Portugal obteve a pontuação de 498 pontos, ocupando a 18ª posição no conjunto de países da OCDE e a 21ª posição se considerarmos todos os países participantes. No conjunto dos países europeus ocupava o 12º lugar, com uma pontuação média idêntica ao Reino Unido (498 pontos) e superior, por exemplo, ao de Espanha (496 pontos) e da Suíça (492 pontos).

Distribuição geográfica dos resultados do PISA no domínio da literatura, 2015

Uma análise longitudinal dos resultados do PISA em 2015 no domínio da leitura evidencia que Portugal registou uma evolução positiva face aos resultados registados em 2000, com um aumento significativo de 28 pontos (470 pontos em 2000).

Neste domínio, tal como no das ciências, Portugal conseguiu pela primeira vez em 2015 atingir uma pontuação significativamente superior à média da OCDE (que registou 493 pontos), ficando também acima da média do total de países participantes que registaram 487 pontos.

Uma análise longitudinal ao longo dos anos de implementação do PISA evidencia ainda a tendência de crescimento progressivo, com um aumento médio de 1,8 pontos/ano, tendência não verificada na média da OCDE cujos resultados têm sofrido poucas oscilações ao longo dos anos.

Literacia leitura – evolução entre 2000 e 2015, Portugal e OCDE

 

Se tivermos como referência os anos em que a literatura foi o domínio principal (2000 e 2009), é possível verificar um aumento de 19 pontos entre os dois períodos (2000-470 pontos; 2009-489 pontos).

Uma análise dos resultados por género evidencia que, ao contrário do que aconteceu no domínio das ciências, as pontuações médias das raparigas foram superiores à dos rapazes em todos os países participantes, ainda que em alguns países essa diferença tenha sido mais significativa do que em outros, atingindo, por exemplo, na Jordânia os 72 pontos de diferença. Em Portugal a diferença foi bastante menos acentuada, ainda que as raparigas se tenham evidenciado, ao atingir um resultado de 17 pontos superiores ao dos rapazes, mas menos significativo do que se registou em edições anteriores do PISA – 39 pontos em 2012 e 38 pontos em 2009.

Resultados Médios em Leitura, por Género, 2015

Uma análise por distribuição territorial evidencia que em 15 unidades territoriais a pontuação no domínio de leitura foi superior à média nacional de 498 pontos, emborasó em 5 dessas unidades territoriais essas diferenças tenham sido estatisticamente significativas.

A maioria das unidades territoriais com uma pontuação significativamente superior à média nacional concentram-se no litoral, nomeadamente no Alentejo Litoral (534 pontos – 36 pontos acima da média nacional), na Região de Leiria (514 pontos), em Viseu Dão Lafões (511 pontos), na Lezíria do Tejo (510 pontos) e na Área Metropolitana de Lisboa (505 pontos).

Por contraste, foi nas regiões do interior norte que se registaram os piores resultados, nomeadamente no Alto Tâmega (442 pontos – 56 pontos abaixo da média nacional), em Terras e Trás-os-Montes (456 pontos), no Tâmega e Sousa (457 pontos) e na Região Autónoma dos Açores (470 pontos).

Resultados de literacia de leitura, por NUTS III, 2015

Os resultados por natureza administrativa do estabelecimento de ensino evidenciaram, à semelhança do que se registou no domínio das ciências, que os alunos que frequentaram o ensino particular e cooperativo tiveram um melhor desempenho com uma pontuação média de 532 pontos – 34 pontos acima da média nacional e 36 pontos acima da obtida pelos alunos do ensino público.

Distribuição dos Resultados Nacionais em Literatura, por Natureza Administrativa da Escola, 2015

Literacia de matemática

A nível internacional o desempenho médio dos alunos no domínio da matemática foi de 490 pontos entre os países da OCDE, tendo Portugal registado a pontuação média de 492 pontos, o que o colocou na 22ª posição entre os membros da OCDE e a 29ª posição entre os participantes no PISA em 2015. No conjunto dos países europeus Portugal ocupou o 15º lugar, com uma pontuação média superior à de Itália, com 490 pontos, e Espanha, com 486 pontos.

Distribuição geográfica dos resultados do PISA no domínio da matemática, 2015

Uma análise longitudinal entre o primeiro ano de implementação do PISA – 2000 – e a última edição do PISA, em 2015, evidencia um crescimento positivo ao longo dos anos, com uma diferença entre os dois períodos de 38 pontos (em 2000 a média era de 454 pontos).

Enquanto que em Portugal se tem registado um crescimento positivo, com uma evolução média de 2,6 pontos/ano, as pontuações médias dos países membros da OCDE seguem uma tendência contrária, sobretudo a partir de 2009 em que os resultados no domínio da matemática têm sofrido um decréscimo contínuo.

Literacia matemática– evolução entre 2000 e 2015, Portugal e OCDE

Considerando os anos em que a literacia matemática foi o domínio principal (2003 e 2012), registou-se um aumento de 21 pontos entre os dois períodos (2003-456 pontos e 2012-487 pontos).

Uma análise dos resultados por género permite verificar que, no conjunto dos países da OCDE, o desempenho dos rapazes foi superior ao das raparigas, registando, em média, mais 8 pontos. Em Portugal verificou-se a mesma tendência, com os rapazes a atingirem, em média, mais 10 pontos que as raparigas (497 pontos versus 487 pontos).

Resultados Médios de Matemática, por Género, 2015

A distribuição dos resultados em matemática pelo território permite verificar que 13 unidades territoriais NUTS III estão acima da média nacional, ainda que só em 4 unidades essas diferenças sejam estatisticamente significativas – Alentejo Litoral (528 pontos – 36 pontos acima da média nacional), Alto Minho (518 pontos), Viseu Dão e Lafões (514 pontos) e Lezíria do Tejo (513 pontos).

As unidades territoriais que registaram a menor pontuação, com diferenças significativamente inferiores à média nacional foram o Algarve (471 pontos), Região Autónoma dos Açores (462 pontos), Terras de Trás-os-Montes (455 pontos) e Tâmega e Sousa (454 pontos).

Resultados de literacia de matemática, por NUTS III, 2015

Os resultados por natureza administrativa do estabelecimento de ensino, tal como se registou nos outros domínios, são superiores nas escolas do ensino particular e cooperativo com uma pontuação 51 pontos acima da média nacional.

Distribuição dos Resultados Nacionais em Literatura, por Natureza Administrativa da Escola, 2015

Resolução Colaborativa de Problemas

A Resolução Colaborativa de Problemas é um domínio que pretende avaliar a capacidade de valorização da relação com o outro e do trabalho de equipa, competências consideradas fundamentais em contextos de educação e trabalho (OECD, 2017).

Neste domínio, introduzido pela primeira vez na 6ª edição do PISA em 2015, de entre o conjunto de países participantes, destacaram-se os países do sudeste asiático (Singapura, Japão, Hong Kong e República da Coreia), à semelhança do que se registou nos outros domínios, em especial na matemática.  Portugal ficou posicionado em 24º lugar com 498 pontos, não diferindo muito da média dos países da OCDE, que se cifrou em 500 pontos. De salientar ainda que, no conjunto dos países participantes, Portugal ficou à frente da classificação de outros países europeus, como França (494 pontos), Luxemburgo (491 pontos) ou Itália (478 pontos).

 

OECD (2016), PISA 2015 Assessment and Analytical Framework: Science, Reading, Mathematic and Financial Literacy, OECD Publishing, Paris. Disponível em http://dx.doi.org/10.1787/9789264255425-en

OECD (2017), PISA 2015 Assessment and Analytical Framework: Science, Reading, Mathematic, Financial Literacy and Collaborative Problem Solving, OECD Publishing, Paris.

Marôco, João (coord.), Gonçalves, Conceição, Lourenço, Vanda e Mendes, Rosário (2016) Pisa 2015-Portugal: Volume 1-Literacia Científica, Literacia de Leitura e Literacia Matemática. Lisboa: IAVE.

Marôco, João (coord.); Lourenço, Vanda; Mendes, Rosário; e Gonçalves, Conceição. (2016) PISA em focus − PORTUGAL: Resolução Colaborativa de Problemas. Lisboa: IAVE.

Webgrafia

IAVE – Instituto de Avaliação Educativa, I.P.
http://www.iave.pt/index.php/estudos-internacionais/pisa [Acedido em Março 2019]

OCDE-OECD’s Programme for International Student Assessment
http://www.oecd.org/pisa/ [Acedido em Março 2019]

INE – Instituto Nacional de Estatística
www.ine.pt [Acedido em Março 2019]

 

Metainformação

PISA (Programme for International Student Assessment)
Estudo internacional conduzido pela OCDE que avalia a literacia científica, a literacia matemática e a literacia de leitura dos alunos de 15 anos entre o 7º e o 12º ano de escolaridade, em todas as modalidades de educação e formação.

Literacia científica
Capacidade de um indivíduo para se envolver em questões sobre ciência e compreender ideias científicas, como um cidadão reflexivo, sendo capaz de participar num discurso racional sobre ciência e tecnologia.

Literacia de Leitura
Capacidade de um indivíduo compreender, utilizar, refletir e se envolver na leitura de textos escritos, com a finalidade de atingir os seus objetivos, de desenvolver os seus conhecimentos e o seu potencial e de participar na sociedade

Literacia Matemática
Capacidade de um indivíduo formular, aplicar e interpretar a matemática em contextos diversos e formular juízos e decisões fundamentadamente, como cidadão participativo, empenhado e reflexivo.

Resolução Colaborativa de Problemas
Capacidade de um indivíduo para se envolver de forma efetiva num processo onde dois ou mais agentes tentam resolver um problema, partilhando a compreensão e o esforço necessários para chegar a uma solução e reunindo os seus conhecimentos, competências e esforços para alcançar essa solução.

Ensino particular e cooperativo
Ensino promovido sob iniciativa e responsabilidade de gestão de entidade privada com tutela pedagógica e científica do Ministério da Educação ou do Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior.

Ensino público
Ensino que funciona na direta dependência da administração central, das regiões autónomas e das autarquias.

Fonte: INE (2018)
Marôco et al (2016)